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O comissário-geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini, afirmou que os bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza têm se intensificado nos últimos dias, atingindo inclusive prédios da ONU que serviam de abrigo para deslocados.
Segundo a agência, em apenas cinco dias dez instalações da Unrwa foram bombardeadas na Cidade de Gaza, entre elas sete escolas e duas clínicas que acolhiam milhares de pessoas em fuga. Lazzarini relatou que a escalada dos ataques na região central e no norte do território força cada vez mais famílias a abandonar suas casas “rumo ao desconhecido”.
O cenário humanitário se deteriora rapidamente. O fornecimento de assistência médica precisou ser interrompido no Beach Camp, único centro de saúde disponível ao norte de Wadi Gaza. Já os serviços de água e saneamento da agência operam com apenas metade da capacidade. Apesar das condições críticas, cerca de 11 mil funcionários da Unrwa seguem trabalhando em diferentes áreas da Faixa.
“Continuar atuando diante de condições desumanas é uma inspiração”, disse Lazzarini, ao destacar a dedicação das equipes.
A porta-voz do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) em Gaza, Olga Cherevko, descreveu a situação como “uma corrida contra o tempo, contra a morte e contra a fome”, comparando a sensação a “correr em areia movediça”. Ela denunciou que comboios de ajuda humanitária são constantemente atrasados ou bloqueados por autoridades israelenses.
Cherevko acrescentou que “o cheiro inconfundível da morte está em toda parte”, lembrando que muitos corpos permanecem sob escombros nas ruas da Cidade de Gaza.
A crise também tem reflexos econômicos. De acordo com especialistas independentes da ONU, os preços básicos dispararam: o óleo de cozinha subiu 1.200% e a farinha, 5.000% até meados de 2025. A inflação, aliada ao bloqueio financeiro e às falhas de energia e telecomunicações, compromete pagamentos digitais e agrava a escassez.
Nesta semana, relatores de direitos humanos da ONU se reuniram em Genebra para discutir a situação em Gaza e nos Territórios Palestinos. O Conselho de Direitos Humanos promove um debate urgente sobre o ataque de Israel a um prédio em Doha, no Catar, que, segundo Tel Aviv, abrigava membros do Hamas. A reunião foi solicitada por países da Organização para a Cooperação Islâmica e pelo Conselho de Cooperação do Golfo.
