Chavismo lança ofensiva para mostrar combate ao narcotráfico diante de pressões dos EUA

Em meio à tensão com os Estados Unidos pela presença de navios militares no Mar do Caribe, o governo de Nicolás Maduro intensificou sua retórica e operações contra o narcotráfico, mobilizando tropas e investindo em uma forte campanha nacionalista.

Segundo Caracas, 25 mil soldados foram enviados à fronteira com a Colômbia e à costa caribenha para reforçar as chamadas Unidades de Reação Rápida. A ofensiva inclui ações nas regiões de La Guajira, Falcón, Nueva Esparta, Sucre e Delta Amacuro, além de incursões no estado de Apure. O objetivo declarado é “verificar a ausência de cultivos ilícitos” e bloquear rotas de tráfico.

Autoridades militares afirmam que, nos últimos meses, 40 aeronaves ligadas ao transporte de drogas foram derrubadas. Paralelamente, ministros e porta-vozes do chavismo insistem que não há produção de entorpecentes na Venezuela e que o chamado Cartel dos Sóis “não existe”. Para reforçar o discurso, o governo cita relatórios da ONU que não incluem o país entre as zonas críticas de produção e circulação de drogas na região.

A vice-presidente Delcy Rodríguez acusou Washington de “hipocrisia” no tema, lembrando que a maior parte dos lucros do narcotráfico permanece nos Estados Unidos, muitas vezes em instituições financeiras punidas por lavagem de dinheiro. Ela também afirmou que a DEA tem “conexões conhecidas com o narcotráfico”.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, classificou as manobras norte-americanas como uma “ameaça militar sem precedentes”, acusando os EUA de tentar desestabilizar o regime e provocar divisões nas Forças Armadas. Já Diosdado Cabello, número dois do chavismo e dirigente do PSUV, declarou que o país enfrenta uma “guerra psicológica” alimentada por autoridades norte-americanas e estrangeiras, e prometeu que a Revolução Bolivariana prevalecerá.

Em paralelo às operações militares, a campanha oficial se espalha em comerciais de TV e rádio, exaltando a soberania e convocando a população a defender o país. Maduro continua a sustentar a legitimidade de seu governo como fruto de uma “decisão democrática incontestável”, apesar de denúncias da oposição sobre a falta de transparência nas últimas eleições.

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