20/09/2025 23:12:25

Acidente
10/09/2025 07:00:00

Esposa de ex-premiê do Nepal é queimada viva em protestos contra o governo, após bloqueio nas redes sociais

Esposa de ex-premiê do Nepal é queimada viva em protestos contra o governo, após bloqueio nas redes sociais

A esposa do ex-primeiro-ministro do Nepal, Jhalanath Khanal, Rajyalaxmi Chitrakar, morreu nesta terça-feira após ter a casa incendiada por manifestantes em Katmandu. Levado ao hospital em estado grave, Chitrakar não resistiu aos ferimentos. Outros líderes políticos também ficaram feridos durante os atos, que marcam o segundo dia consecutivo de protestos violentos no país.

Na segunda-feira, 19 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e a polícia. A pressão popular levou à renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli, que deixou o cargo após sua residência ser invadida e incendiada.

A onda de violência foi desencadeada pela decisão do governo de bloquear 26 redes sociais, incluindo Facebook e Instagram, sob a justificativa de que as plataformas não estavam registradas no país nem colaboravam em investigações sobre crimes digitais. A medida gerou revolta entre os jovens, que representam 43% da população nepalesa, e intensificou a insatisfação com o desemprego e a corrupção.

Vídeos que mostravam a vida de luxo dos filhos de políticos em contraste com a dura realidade da população circularam no TikTok, uma das poucas redes que não foi bloqueada, aumentando a indignação.

Na capital, manifestantes invadiram o Parlamento e atearam fogo ao prédio, além de incendiar a Suprema Corte. O aeroporto internacional de Katmandu foi fechado devido à fumaça dos incêndios, provocando cancelamentos e redirecionamento de voos. A maior empresa de mídia do país, a Kantipur Publications, também teve sua sede incendiada, tirando o jornal The Kathmandu Post temporariamente do ar.

Segundo dados oficiais, os confrontos deixaram pelo menos 19 mortos e cerca de 400 feridos, entre civis e policiais, configurando a pior onda de violência em protestos no Nepal em décadas. A Anistia Internacional denunciou o uso de munição letal pela polícia, além de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O Nepal, que aboliu a monarquia em 2008, enfrenta instabilidade política constante e graves dificuldades econômicas. O PIB per capita é de apenas 1.447 dólares, e o desemprego gira em torno de 10%. Com a saída de Oli, o presidente Ramchandra Paudel iniciou consultas para definir um novo primeiro-ministro.

Após a renúncia, jovens comemoraram em frente ao Parlamento, pichando paredes com a frase “nós vencemos” e cantando palavras de ordem. A crise, no entanto, segue aberta e expõe o profundo descontentamento da população com a classe política e a falta de perspectivas no país.