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Acidente
09/09/2025 12:00:00

Mais de um bilhão de indivíduos enfrentam transtornos psicológicos globalmente, revela relatório da OMS

Dados mostram impacto desproporcional em mulheres e destacam a urgência de ampliar os recursos de saúde mental

Mais de um bilhão de indivíduos enfrentam transtornos psicológicos globalmente, revela relatório da OMS

De acordo com as publicações recentes do World Mental Health Today e do Mental Health Atlas 2024, mais de um bilhão de pessoas no mundo convivem com dificuldades de saúde mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que essa crise traz consequências sérias tanto para a humanidade quanto para as economias globais, defendendo uma expansão urgente de serviços dedicados à prevenção e ao cuidado psicológico em escala mundial.

Relatórios indicam que as mulheres são desproporcionalmente mais afetadas por transtornos mentais, especialmente por condições como ansiedade e depressão, que permanecem entre os problemas mais predominantes em diversas nações e comunidades. Essas condições impactam indivíduos de todas as faixas etárias e níveis socioeconômicos, configurando a segunda principal causa de incapacidades duradouras. Além do impacto na qualidade de vida, esses transtornos elevam os custos do sistema de saúde e resultam em perdas econômicas consideráveis ao redor do planeta.

Em declarações feitas à imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, destacou a complexidade do desafio: "A transformação dos serviços de saúde mental representa uma das maiores missões da saúde pública". Ele ressaltou a importância de que governos e lideranças globais invistam na garantia do acesso universal a cuidados psicológicos, não como um privilégio, mas como um direito fundamental de todos os cidadãos.

Outro ponto alarmante mencionado é o suicídio, que foi responsável por aproximadamente 727 mil mortes apenas em 2021. Essa estatística torna-se um dos principais fatores de mortalidade entre jovens, independentemente do país ou do contexto social. A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a meta de diminuir as taxas de suicídio em 33% até 2030, porém, com o ritmo atual, esse objetivo deve ser alcançado em apenas 12%, o que demonstra a necessidade de ações mais efetivas.

Apesar de avanços, ainda há inúmeros obstáculos a superar. Muitos países já implementam programas de promoção à saúde mental, incluindo ações escolares, prevenção ao suicídio e atendimento emergencial, com mais de 80% oferecendo suporte psicossocial em crises, um aumento significativo em relação aos 39% de 2020. Serviços de apoio remoto e ambulatórios também cresceram, embora ainda de forma desigual entre diferentes regiões.

Entretanto, o investimento dos governos permanece insuficiente, com gastos médios de apenas 2% dos orçamentos de saúde destinados à saúde mental, uma cifra que não mudou desde 2017. Enquanto países de alta renda destinam até US$ 65 por pessoa, nações com recursos mais limitados investem cerca de US$ 0,04 por indivíduo. A média global de profissionais de saúde mental é de 13 por cada 100 mil habitantes, mas países de baixa e média renda enfrentam escassez crítica de especialistas na área.

O progresso na elaboração de políticas públicas também é tímido. Muitos países atualizaram diretrizes e expandiram o suporte psicossocial em situações de emergência, mas o avanço na implementação de reformas legais baseadas em direitos humanos permanece limitado. Apenas 45% das nações possuem legislações alinhadas aos padrões internacionais, e menos de 10% concluíram a transição para modelos de cuidado comunitário. A maior parte do atendimento ainda ocorre em hospitais psiquiátricos, com quase metade das internações involuntárias e mais de um quinto durando mais de um ano.

Outro desafio importante é a escassez de dados confiáveis, que impede o monitoramento preciso das ações. Apenas 22 países forneceram informações suficientes para estimar a cobertura de assistência em casos de psicose. Nos países mais pobres, menos de 10% das pessoas com transtornos mentais recebem atendimento, enquanto nos mais ricos essa proporção ultrapassa 50%.

Para reverter esse cenário, a OMS solicita esforços conjuntos entre governos e parceiros internacionais, destacando prioridades como o aumento do financiamento para serviços de saúde mental, a implementação de reformas que garantam o respeito aos direitos humanos, investimentos contínuos na formação de profissionais especializados e a ampliação de cuidados comunitários baseados nas necessidades individuais.

Para quem enfrenta dificuldades emocionais ou conhece alguém nessa condição, diversas opções de suporte estão disponíveis, incluindo o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece atendimento gratuito 24 horas por telefone, chat ou e-mail. Outra iniciativa importante é o Canal Pode Falar, criado pelo Unicef, que disponibiliza escuta especializada via WhatsApp de segunda a sexta, das 8h às 22h, para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Além disso, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do SUS atendem pacientes com transtornos mentais na rede pública, com endereços disponíveis para consulta na cidade de São Paulo. O site Mapasda Saúde Mental também disponibiliza mapas de unidades de atendimento e materiais informativos sobre transtornos mentais, promovendo acesso gratuito a suporte psicológico presencial e online.