Análise internacional destaca influência de Bolsonaro e símbolos dos EUA em manifestações brasileiras

Nesta segunda-feira (8), o renomado jornal americano The New York Times trouxe uma análise detalhada das manifestações ocorridas no Brasil no domingo (7), que reuniram grupos de direita e esquerda em várias cidades, justamente na véspera do encerramento do processo judicial contra Jair Bolsonaro (PL).

O periódico descreveu os eventos como "encontros políticos distintos" e enfatizou que a presença dos apoiadores de Bolsonaro foi consideravelmente maior em relação aos manifestantes de esquerda. Segundo o relato do jornal, as imagens aéreas das concentrações revelaram que a quantidade de apoiadores do ex-presidente superava claramente os opositores, demonstrando que, apesar das questões legais, Bolsonaro mantém sua relevância como força política no cenário nacional. A presença de símbolos estadunidenses também chamou atenção na cobertura.

O texto destacou a forte presença de referências aos Estados Unidos durante os protestos de direita. Relatos de correspondentes como Jack Nicas e Ana Ionova indicaram que as manifestações em São Paulo, na principal avenida, e na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, estavam repletas de pessoas vestindo as cores da bandeira brasileira, além de expressar elogios ao país norte-americano.

Em Brasília, um participante posou para fotos usando uma máscara do ex-presidente Donald Trump, enquanto ambulantes comercializavam camisetas com a imagem do ex-presidente americano e a palavra “Magnitsky”, em referência à lei de sanções dos EUA aplicada pelo poder judiciário brasileiro. No Rio, alguns manifestantes estenderam uma grande bandeira dos EUA sobre suas cabeças. Essas ações demonstram uma crescente influência de referências internacionais nos atos políticos.

O periódico também mencionou que é "quase certo" que o Supremo Tribunal Federal condene Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado, o que poderia resultar em uma pena superior a 40 anos de prisão. Enquanto isso, a atenção do Brasil se volta ao Congresso Nacional, onde discussões sobre uma possível concessão de anistia ao ex-presidente e a apoiadores de direita, relacionados aos atos pós-eleições de 2022 — incluindo os ataques de 8 de janeiro — estão em andamento.

Líderes de partidos e parlamentares tentam negociar uma legislação que possa beneficiar Bolsonaro, evitando sua prisão e impedindo sua candidatura futura, segundo fontes próximas às negociações. A reportagem também destacou o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizado no sábado (6), na véspera do desfile de 7 de Setembro. Lula afirmou que o Brasil "não será mais uma colônia de qualquer nação" e alertou que a história não perdoará políticos que incentivam sanções externas contra o país.