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Acidente
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Centro Comercial de Maceió: Um Potencial Perigo de Incêndios

Aumento alarmante de incêndios causa preocupação entre comerciantes e moradores

Centro Comercial de Maceió: Um Potencial Perigo de Incêndios

Por Wellington Santos / Tribuna Independente06/09/2025 08h32 - Atualizado em 06/09/2025 13h42

O centro comercial de Maceió transformou-se, nos últimos anos, em uma verdadeira "bomba-relógio" em relação a incêndios. O incidente mais recente envolveu a loja de eletrodomésticos Magazine Luiza, que no dia 26 de agosto deste ano, levou o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas a ser chamado para conter um princípio de incêndio. Ao chegarem no local, as equipes constataram que se tratava apenas de um vazamento de gás, mas o susto foi suficiente para alarmar tanto os colaboradores da loja quanto os transeuntes nas proximidades.

Cabe lembrar que a mesma Magazine Luiza esteve envolvida em um incêndio de grandes proporções em 2023, que resultou na perda total do estabelecimento localizado na Rua do Comércio.

Essa situação gerou apreensão entre os empresários da área, e com razão. No dia 18 de janeiro de 2024, um incêndio devastador consumiu a Lojas Imperador, também situada no calçadão do comércio, destruindo um terço do prédio. É importante ressaltar que a Lojas Imperador fica diretamente em frente à Magazine Luiza. De acordo com relatos da época, o incêndio foi provocado por um curto-circuito na rede elétrica.

No coração do centro comercial, a fachada do prédio que foi atingido pelo fogo, conforme mostra a foto que introduz esta reportagem, ainda apresenta marcas do incêndio ocorrido anos atrás.

Dados do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas revelam um aumento significativo de ocorrências de incêndios na área central do comércio. Desde 2022, foram registrados mais de 30 incêndios.

Em 2022, foram contabilizados 12 incêndios que necessitaram da intervenção dos bombeiros em estabelecimentos comerciais, órgãos públicos, lixões e outras fontes na região central. Em 2024, esse número saltou para 22, representando um crescimento quase dobrado nas ocorrências. O incidente recente com a Magazine Luiza em 2025 trouxe à tona novamente o temor.

DESAFIOS ELÉTRICOS
E MANUTENÇÃO INSUFICIENTE

Em conversa com a Tribuna, o major Carlos Vasconcelos, da Diretoria de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros, destacou que diversos fatores têm contribuído para o aumento dos incêndios na região. Ele enfatiza que, muitas vezes, a causa de incêndios de grande magnitude pode ser simples, como problemas elétricos relacionados ao uso excessivo de equipamentos.

Outro ponto levantado por Guido Santos, presidente da Aliança Comercial de Maceió, é o uso excessivo de energia solar por meio de painéis fotovoltaicos. Segundo ele, essa energia, ao passar por um inversor que a converte em corrente alternada para uso nas residências, acaba sobrecarregando a rede elétrica pública. "O problema é que esse excesso retornando à rede convencional tem desequilibrado as instalações elétricas dos imóveis comerciais no centro, muitos dos quais não estão preparados para suportar essa carga, aumentando o risco de incêndios", alerta o empresário.

Guido também mencionou que já alertou a Equatorial sobre essa situação e que muitos empresários não estão tomando os devidos cuidados com a manutenção de suas instalações elétricas. Ele explicou que as redes elétricas desses imóveis foram projetadas para receber uma voltagem de 220 volts, mas estão recebendo, em média, até 335 volts, o que ultrapassa a capacidade segura.

Além disso, o major Carlos Vasconcelos acrescentou que, nos meses que antecedem datas comerciais significativas, como o final do ano, o aumento no estoque das lojas também é um fator de risco. Ele observa que, em muitos casos, o estoque acumulado chega a encostar no teto, nas redes elétricas e em equipamentos sobrecarregados, o que pode gerar pequenos curtos-circuitos ou focos de incêndio que, se não forem controlados, podem levar a incidentes graves.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO
EM PERIGO

Outro fator que agrava a situação é a falta de conservação do patrimônio arquitetônico da cidade, que está escondido atrás de fachadas sem atrativos ou deterioradas pela falta de manutenção. A Tribuna percorreu algumas ruas do centro comercial e constatou a decadência dos edifícios, que estão carentes de cuidados, pintura e limpezas, com fios elétricos expostos e até vegetação tomando conta das fachadas. Essa realidade expõe um Centro Histórico fragilizado, com pelo menos 50 prédios antigos e abandonados que não recebem manutenção e representam riscos à população.