Um levantamento divulgado pela NetScout Systems Inc. revelou que, no primeiro semestre de 2025, o mundo registrou mais de 8 milhões de ofensivas de Negação de Serviço Distribuído (DDoS), sendo mais de 3,2 milhões apenas na região EMEA. O estudo destaca que esse tipo de ataque, além de causar instabilidades em serviços digitais, vem sendo utilizado como ferramenta de pressão geopolítica, capaz de atingir infraestruturas estratégicas.
Na América Latina, foram contabilizados 1.070.492 ataques, com o Brasil respondendo sozinho por 550.550 incidentes no período — um salto de 54,03% em relação ao segundo semestre de 2024, quando haviam sido monitorados 357.422 casos. O ataque mais intenso no país chegou a 429,63 Gbps de largura de banda e 290,38 Mpps de throughput, com duração média de 41,43 minutos. Também foram registrados picos agregados de 2 Tbps e 908 Mpps, que colocam o Brasil em posição de destaque no cenário global.
Segundo o relatório, foram identificados 22 tipos de vetores, com maior ocorrência de TCP ACK, Amplificação TCP SYN/ACK, Amplificação DNS, TCP RST e TCP SYN. Entre janeiro e junho de 2025, os setores mais visados foram as operadoras de telecomunicações móveis, que sofreram 170.637 ataques, com média de 49 minutos de duração. Em seguida, os provedores de hospedagem e processamento de dados registraram 32.817 ataques.
O setor bancário comercial ocupou a quinta posição, com 6.575 incidentes, enquanto o transporte rodoviário de cargas teve 6.218. Organizações religiosas (3.034), atacadistas de equipamentos de escritório (2.314), agências e corretoras de seguros (718) e varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos (666) também apareceram entre os alvos mais atingidos.
Outro ponto em evidência no estudo foi o papel de grupos hacktivistas, como o NoName057(16), que têm coordenado centenas de ofensivas mensais contra áreas de comunicação, transporte, energia e defesa. Com o avanço da automação e da inteligência artificial, ataques multivetoriais e técnicas como o chamado “carpet bombing” tornaram-se mais sofisticados e difíceis de conter. Botnets compostas por dispositivos IoT, servidores e roteadores comprometidos vêm sustentando campanhas prolongadas, com potencial de causar sérias interrupções.
Richard Hummel, diretor de inteligência de ameaças da NetScout, afirmou que as medidas tradicionais já não são suficientes para enfrentar a complexidade das ofensivas. Segundo ele, o uso de assistentes de IA e de modelos de linguagem como WormGPT e FraudGPT amplia ainda mais os riscos. Embora o grupo NoName057(16) tenha tido suas operações reduzidas após ações de desarticulação, especialistas alertam que sua volta é considerada possível.
A NetScout acompanha o cenário DDoS por meio de pontos de observação passivos, ativos e reativos, oferecendo visibilidade global das ameaças. A empresa protege dois terços do espaço roteado IPv4 e monitora diariamente dezenas de milhares de ataques, além de múltiplas botnets e serviços de DDoS sob demanda.
O relatório também indica que o terceiro setor mais atacado no Brasil foi o de outras operadoras de telecomunicações, com 14.746 incidentes, seguido pelas operadoras de telefonia fixa, que somaram 14.665 ataques.