Embora estivesse distante dos campos de batalha da Europa, Ásia e África, a América Latina viveu de maneira intensa os anos da Segunda Guerra Mundial e desempenhou um papel relevante para a vitória dos Aliados. Entre 1939 e 1945, os governos da região oscilaram entre neutralidade, apoio aos países aliados, simpatias pelo Eixo e decisões estratégicas influenciadas por pressões internas e externas.
Nos primeiros anos do conflito, quase todos os países latino-americanos optaram pela neutralidade. No entanto, o ataque japonês a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, mudou o cenário. Sob forte pressão dos Estados Unidos, a maioria dos países rompeu relações com Alemanha, Itália e Japão, e alguns chegaram a declarar guerra formalmente. Apenas Argentina e Chile resistiram por mais tempo à pressão americana.
O Brasil foi o único país da região a enviar tropas terrestres para a Europa. Depois do afundamento de navios por submarinos alemães, declarou guerra ao Eixo em 1942. Além de fornecer bases estratégicas para os Aliados e recursos como a borracha amazônica, o país enviou cerca de 25 mil soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater na Itália, onde mais de 400 pracinhas morreram. O México também participou ativamente: após ter navios atacados no Caribe, declarou guerra e enviou um esquadrão da Força Aérea, as “Águias Astecas”, que atuaram nas Filipinas contra os japoneses.
Já a Argentina manteve-se neutra até os últimos meses da guerra, apesar das pressões de Washington. O governo, sob influência de militares germanófilos como Juan Perón, só declarou guerra à Alemanha e ao Japão em março de 1945, quando a derrota do Eixo já era iminente.
Outros países também tiveram papéis importantes. O Uruguai foi palco da Batalha do Rio da Prata em 1939, que terminou com o afundamento do encouraçado alemão Graf Spee. Na América Central e no Caribe, a região ganhou destaque estratégico com o Canal do Panamá e o fornecimento de petróleo da Venezuela. Submarinos alemães afundaram centenas de navios no Caribe, mas países como Cuba e Colômbia atuaram ativamente nas escoltas e patrulhas navais. Além disso, várias nações concederam refúgio a judeus europeus perseguidos pelo nazismo, embora também tenham ocorrido episódios de rejeição, como no caso do navio St. Louis em Cuba.
A guerra deixou marcas profundas na região: acelerou a industrialização em países como o Brasil e o México, reforçou a influência política e militar dos Estados Unidos sobre o continente e afetou comunidades de imigrantes alemães, italianos e japoneses, que em muitos casos sofreram perseguições.
Assim, mesmo distante dos principais campos de batalha, a América Latina não esteve à margem da Segunda Guerra Mundial. Seus países contribuíram com recursos econômicos, apoio estratégico, soldados, aviadores e até refúgio humanitário, mostrando que o conflito teve um impacto global que também se fez sentir intensamente no continente latino-americano.