Durante o CB Talks, Maurício Buffon, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), declarou que os agricultores brasileiros são os únicos que não recebem apoio financeiro do governo para promover a agricultura sustentável. Ele ressaltou que todas as despesas e obrigações referentes à transição do modelo de cultivo da soja são arcadas exclusivamente pelos próprios agricultores.
Buffon participou do evento intitulado A soja e os desafios da transição da agricultura brasileira, organizado pelo Correio em parceria com o Instituto Escolhas, na terça-feira (02/9).
“Os produtores também necessitam de uma mudança, mas a burocracia no Brasil é excessiva. Este é um fator que deve ser considerado, pois a situação ainda não está adequada”, afirmou ele.
Além disso, o presidente enfatizou a importância de proceder com cautela ao mudar o modelo de produção de soja no país. Ele mencionou que, embora a sustentabilidade na produção seja crucial, essa transição deve ser implementada com precaução, uma vez que equívocos podem trazer prejuízos significativos aos agricultores e afetar a economia nacional, que é fortemente dependente da soja.
“Não é possível simplesmente acionar um interruptor para mudar uma agricultura que abrange 46 milhões de hectares. É uma área imensa. Isso exige cautela, pois uma decisão errada pode resultar em grandes perdas para os produtores”, explicou Buffon.
Ele também destacou que, apesar das dificuldades burocráticas, o Brasil demonstra disposição e recursos para integrar o uso de bioinsumos e biocombustíveis, especialmente com a recente aprovação da lei dos insumos, que visa facilitar o acesso do setor produtivo a fertilizantes e pesticidas mais sustentáveis.
“Acredito que esse processo levará cerca de 4 a 5 anos para ser plenamente implementado nas lavouras. Entretanto, temos dados que indicam que 80% das propriedades de soja já experimentaram algum tipo de bioinsumo. Percebe-se que é uma tecnologia que desperta interesse, mas, por ser nova, leva um tempo até que chegue a todos os produtores”, concluiu.