Em um diálogo com a Bloomberg News, a ministra da Indústria e Energia do Uruguai, Fernanda Cardona, revelou que o governo está elaborando um projeto para a construção de um gasoduto que atravessará seu território, ligando o famoso depósito de xisto de Vaca Muerta, localizado na Argentina, ao Brasil.
Recentemente, o ministério sob a liderança de Cardona apresentou um relatório ao presidente Yamandú Orsi, que inclui uma rota potencial para o gasoduto, além de informações sobre a demanda de gás que orientarão as negociações. O intuito é dar início à construção do projeto até o ano de 2030, embora Cardona tenha optado por não revelar mais detalhes sobre o documento.
"Essa questão foi levantada pelo presidente Orsi logo no início de seu mandato, em março", afirmou Cardona durante uma entrevista em Montevidéu. Ela destacou que a estabilidade política do Uruguai, sua proximidade com o Brasil e a existência de gasodutos que já se conectam à Argentina fazem do país uma opção atrativa para complementar outras propostas.
No início deste ano, Cardona também visitou Vaca Muerta para avaliar o nível de interesse em relação ao projeto.
Embora o Uruguai tenha estabilidade e recursos, o país ainda está em desvantagem na corrida para canalizar o aumento de volumes de gás natural da formação de xisto de Vaca Muerta em direção a compradores industriais no Brasil. Entre as opções concorrentes estão a modernização de um gasoduto que já atravessa a Bolívia, um país que enfrenta crises, ou a construção de um novo gasoduto que poderia se conectar diretamente ao Brasil ou por meio do Paraguai.
O Paraguai, que possui 6,1 milhões de habitantes e é comparável em tamanho à Califórnia, já está em negociações com a Argentina e o Brasil para promover um gasoduto avaliado em US$ 1,9 bilhão que passaria por seu território. Em julho, Paraguai e Argentina assinaram um memorando de entendimento para analisar essa proposta.
Cardona mencionou que parte do gás proveniente do eventual gasoduto poderia ser utilizada para abastecer a indústria uruguaia. Ela ressaltou: "As reservas de gás da Argentina serão suficientes para atender a outros países. Precisamos planejar estrategicamente para garantir que, caso isso ocorra, o Uruguai também possa se beneficiar".