A flotilha de assistência humanitária que se dirigia a Gaza precisou voltar ao porto de Barcelona devido a condições climáticas adversas.
Os organizadores da Global Sumud Flotilla caracterizaram esta ação como a mais significativa já realizada para contestar o bloqueio marítimo imposto por Israel ao território palestiniano. Recentemente, o ministro da Segurança Nacional de Israel apresentou um plano para prender todos os ativistas envolvidos na missão.
Após algumas horas de navegação, a primeira expedição da Global Sumud, que contaria com a participação de dezenas de embarcações e representantes de 44 países, retornou ao porto espanhol enfrentando ventos de até 56 quilômetros por hora durante a noite.
Cerca de 20 barcos partiram de Barcelona no domingo, sendo aplaudidos por milhares de apoiadores pró-palestinos que se reuniram nas docas do antigo porto da cidade. Nos próximos dias, espera-se que outras embarcações cheguem de portos mediterrânicos, como Tunes.
Os organizadores justificaram a decisão de retornar à Espanha ao priorizar a segurança, mencionando que algumas embarcações menores poderiam estar em risco devido às severas condições climáticas.
A flotilha, que se autodenomina a maior a tentar romper o bloqueio israelense, conta com a presença da ativista climática sueca Greta Thunberg e de Ada Colau, ex-presidente da Câmara de Barcelona. Dentre os passageiros, estão também três cidadãos portugueses, incluindo a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua. A iniciativa obteve apoio de figuras notáveis, como a atriz vencedora do Oscar, Susan Sarandon, e o ator Liam Cunningham, conhecido por seu papel em Game of Thrones.
Enquanto isso, com alertas meteorológicos indicando chuvas e tempestades severas na Espanha, não há previsão de quando a flotilha poderá tentar novamente partir de Barcelona.
O ministro da Segurança Nacional, Ben-Gvir, advertiu que os ativistas da flotilha seriam tratados como terroristas, e um plano para a detenção prolongada dos participantes foi apresentado ao governo. Ben-Gvir declarou que os ativistas seriam detidos em prisões rigorosas, normalmente reservadas para detentos considerados ameaças à segurança, e que não teriam acesso a privilégios como televisão e alimentação especial. "Não permitiremos que aqueles que apoiam o terrorismo tenham conforto", afirmou.
Além disso, o ministro da extrema-direita israelense afirmou que todos os barcos seriam confiscados sob a legislação israelense, considerando a flotilha uma "ação política", não humanitária, e uma tentativa ilegal de contornar o bloqueio. Essa nova tentativa de assistência humanitária ocorre em um momento crítico, uma vez que especialistas em nutrição alertaram sobre a grave situação de fome em Gaza, onde meio milhão de pessoas enfrentam níveis catastróficos de desnutrição.
O Ministério da Saúde de Gaza relatou que, até o momento, 340 palestinianos, incluindo 124 crianças, faleceram devido à subnutrição. Ao todo, mais de 63.000 palestinianos perderam a vida em Gaza durante os quase 23 meses de conflito.