Um estudo recente realizado por cientistas chineses e publicado na revista BMC Gastroenterology revelou que a ingestão regular de vegetais crucíferos — como brócolis, couve-flor, repolho e couve — está ligada a uma diminuição de 20% no risco de desenvolver câncer de intestino.
O câncer colorretal, frequentemente referido como câncer de intestino, ocupa a terceira posição entre os tipos mais prevalentes no mundo, segundo a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC), que é parte da Organização Mundial da Saúde (OMS). Excluindo os casos de câncer de pele não melanoma, essa doença é a segunda mais letal globalmente. A situação se torna ainda mais alarmante com o crescente número de diagnósticos em indivíduos mais jovens, o que tem levado pesquisadores a explorar tanto os fatores de risco — como sedentarismo, consumo de alimentos ultraprocessados e álcool — quanto possíveis mecanismos de proteção, que incluem uma dieta balanceada e a prática de atividades físicas.
A pesquisa da Inner Mongolia University for the Nationalities, situada em Yakeshi, na China, focou em como os vegetais crucíferos podem atuar na prevenção dessa enfermidade. Esses alimentos são ricos em fitoquímicos, como flavonoides, carotenoides, fibras e vitamina C, que são reconhecidos por suas propriedades anticancerígenas. Além disso, produzem glucosinolatos, compostos que, quando metabolizados, podem levar à morte de células cancerosas e inibir a atividade de enzimas que ativam substâncias carcinogênicas.
O estudo compilou informações de 17 investigações internacionais, abrangendo um total de 639.539 participantes e identificando 97.595 casos de câncer de intestino. Os dados foram claros: aqueles que consumiam quantidades mais elevadas de vegetais crucíferos apresentavam uma probabilidade 20% menor de desenvolver a doença em comparação com os que ingeriam menores porções.
Outro aspecto relevante foi a relação dose-efeito. A redução do risco começou a ser significativa com a ingestão diária de pelo menos 20 gramas desses alimentos. O maior nível de proteção foi observado em indivíduos que consumiam entre 40 e 60 gramas diariamente. Acima desse intervalo, não foram encontrados benefícios adicionais.
Os autores do estudo ressaltam que "o câncer de intestino representa uma carga global significativa, com cerca de 903.859 mortes e 1,9 milhão de novos casos diagnosticados a cada ano". Eles acreditam que os achados podem servir como base para estratégias clínicas de prevenção e até mesmo auxiliar no tratamento.
A ligação entre vegetais crucíferos e a prevenção do câncer não é uma novidade. A professora Vijaya Surampudi, da Divisão de Nutrição Humana da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA), observa que pesquisas sobre o tema têm sido realizadas desde 1997. Ela enfatiza que o efeito protetor desses vegetais vai além do intestino. "No caso do brócolis, existe uma substância chamada sulforafano, um fitoquímico anticancerígeno associado à redução do risco de câncer de próstata, mama, cólon e oral", afirmou a pesquisadora em um comunicado da universidade.