09/12/2025 15:33:29

Economia
20/08/2025 11:00:00

Dólar encerra dia em alta, atingindo R$ 5,50 devido a tensões Brasil-EUA

Decisão de Flávio Dino gera incertezas nos mercados e provoca mudanças nas posições cambiais

Dólar encerra dia em alta, atingindo R$ 5,50 devido a tensões Brasil-EUA

O dólar teve um aumento significativo na tarde de hoje, subindo junto com a queda do Ibovespa e atingindo o patamar de R$ 5,50. Com uma máxima de R$ 5,5059, a moeda norte-americana fechou o dia valorizada em 1,22%, cotada a R$ 5,5009 - o nível mais alto de fechamento desde o dia 5 deste mês.

A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira, sobre a aplicação de legislações de outros países gerou um clima de incerteza que levou investidores a liquidarem ações de grandes instituições financeiras na Bolsa. Para se proteger, muitos ajustaram suas posições cambiais.

Informações sugerem que a pesquisa Genial/Quaest, que será divulgada na quarta-feira, indicará uma melhora na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode ter contribuído para o impulso do dólar na segunda parte das negociações. Além disso, um levantamento sobre as eleições presidenciais de 2026 será publicado na quinta-feira, dia 21.

Enquanto outras moedas de mercados emergentes e de países exportadores de commodities sofreram queda, o real se destacou como a moeda mais afetada em relação ao dólar, em um dia marcado pela desvalorização do petróleo e do minério de ferro.

De acordo com Marcos Weigt, chefe da Tesouraria do Travelex Bank, "o real teve uma performance positiva entre as moedas emergentes desde o final de julho, mas está revertendo ganhos com o agravamento das tensões relacionadas a tarifas e política externa".

Na análise da decisão da Justiça britânica sobre indenizações a vítimas dos desastres de Mariana e Brumadinho (MG), Dino esclareceu que ordens judiciais de outros países só têm validade após homologação pela Justiça brasileira.

Embora a decisão tenha sido motivada por um caso específico, ela oferece proteção aos cidadãos brasileiros contra os efeitos da Lei Magnitsky, que o governo dos EUA utiliza para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, acusado por Donald Trump de conduzir uma "caça às bruxas" no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em uma declaração no início da tarde, o ministro Flávio Dino reafirmou que não há aplicação automática de legislações estrangeiras no território nacional.

Fontes ouvidas pela Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, relataram que a decisão de Dino gerou uma onda de incertezas e preocupação no setor bancário, que já busca orientação jurídica no exterior. Caso não implementem restrições a Moraes com base na Lei Magnitsky, os bancos poderão enfrentar sanções dos EUA. Entretanto, se o fizerem, poderão estar em desacordo com a legislação brasileira.

Weigt destacou que "os bancos nacionais se encontram em uma situação delicada. Todos mantêm relações e utilizam serviços de instituições financeiras e grandes empresas americanas", acrescentando que o aumento da percepção de risco pode afastar investidores internacionais da bolsa brasileira, o que impacta negativamente o real.

Informações da coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, indicam que ministros do STF foram aconselhados a transferir seus ativos para cooperativas de crédito, uma proposta que foi rejeitada, pois consideraram que isso representaria uma capitulação do Brasil e do próprio STF.

No cenário internacional, o índice DXY (Dollar Index), que avalia o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, apresentava uma leve alta no fim da tarde, ligeiramente acima dos 98,200 pontos. O Dollar Index registrou uma queda superior a 1,70% em agosto e cerca de 9% no ano até agora.

Nesta terça-feira, com uma agenda mais enxuta, os investidores ajustaram suas posições enquanto aguardam a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na quarta-feira e o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, no Simpósio de Jackson Hole, programado para sexta, dia 22.

Entre os dados econômicos, o Departamento do Comércio dos EUA reportou que as construções de novas moradias aumentaram 5,2% em julho, superando amplamente a previsão de 0,3%. Por outro lado, as permissões para novas construções caíram 2,8% no mês anterior.