Um novo estudo aponta para um crescimento alarmante nos casos de câncer de útero nos Estados Unidos, especialmente entre mulheres negras, que enfrentam riscos significativamente mais altos de desenvolver e morrer em decorrência da doença. O câncer de útero já é o quarto mais comum entre as mulheres e, segundo especialistas, a taxa de mortalidade está aumentando.
De acordo com a Sociedade Americana do Câncer, existem dois principais tipos da doença: o carcinoma endometrial, responsável por 95% dos casos e que afeta o revestimento interno do útero, e o sarcoma uterino, mais raro, que se forma na musculatura uterina. Ambos compartilham fatores de risco como desequilíbrio hormonal, síndrome dos ovários policísticos, terapia de reposição de estrogênio, obesidade, diabetes, alimentação rica em gordura e menstruação precoce.
Os sintomas mais comuns incluem sangramento vaginal fora do período menstrual ou após a menopausa, dor abdominal inferior, cólicas pélvicas e corrimento incomum. Mulheres com mais de 55 anos concentram a maioria dos diagnósticos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, a taxa de novos casos da doença cresce, em média, 0,7% ao ano desde 2013. Em 2025, estima-se que 69.120 mulheres receberão o diagnóstico.
O estudo, publicado no periódico Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, revela que entre 2018 e 2050, os casos entre mulheres negras devem aumentar mais de 50%, enquanto entre mulheres brancas o crescimento estimado é de cerca de 29%. A pesquisa, liderada por Jason D. Wright, professor da Universidade Columbia, mostra ainda que a taxa de mortalidade prevista para mulheres negras saltará de 14,1 para 27,9 mortes por 100 mil até 2050. No mesmo período, entre mulheres brancas, a mortalidade deve subir de 6,1 para 11,2 por 100 mil.
Os pesquisadores explicam que mulheres negras têm mais chances de desenvolver tumores agressivos e frequentemente enfrentam diagnósticos tardios, quando a doença já se encontra em estágio avançado e o tratamento é mais difícil. A previsão é de que elas também apresentem aumento expressivo nos casos de tumores não endometrioides, que são mais agressivos e letais.
Para os especialistas, os dados reforçam a urgência de políticas públicas que garantam diagnóstico precoce e acesso igualitário aos cuidados de saúde, especialmente para grupos historicamente mais vulneráveis.