Nesta terça-feira (22), o Ministério Público de Santa Catarina deflagrou a operação "Entre Lobos" para desarticular uma organização criminosa acusada de aplicar golpes contra idosos em diferentes estados do Brasil. A ação resultou no cumprimento de 13 mandados de prisão, sendo oito preventivas e cinco temporárias, além de 35 mandados de busca e apreensão em Alagoas, Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul e Bahia. Também foram apreendidos 25 veículos e aplicados bloqueios em contas bancárias de até R$ 2 milhões de 13 investigados e três empresas.
A investigação revelou um esquema complexo de estelionato, no qual idosos e aposentados eram abordados e enganados para assinar contratos fraudulentos de cessão de crédito judicial. Esses contratos envolviam valores bem abaixo dos montantes que as vítimas tinham direito judicialmente. Entre as empresas usadas pela organização estavam a Ativa Precatórios e a BrasilMais Precatórios, ambas consideradas de fachada.
Em alguns casos, a diferença entre o valor judicial devido e o montante efetivamente recebido pelas vítimas foi alarmante. Por exemplo, uma vítima que tinha direito a R$ 146.327,17 recebeu apenas R$ 2.500,00, representando 1,71% do valor devido. Em outro caso, de R$ 5.106.773,12 que deveria ser pago, as vítimas receberam apenas R$ 503.750,00, ou 9,86% do montante, configurando uma apropriação indevida de mais de R$ 4,6 milhões.
O grupo criminoso usava empresas de fachada para adquirir os créditos judiciais e formalizar as cessões fraudulentas, distanciando-se das vítimas e criando uma falsa sensação de legalidade. As investigações também revelaram um controle financeiro minucioso, com registros de lucros, comissões e partilha dos ganhos ilícitos entre os envolvidos.
O Ministério Público orienta que qualquer pessoa que se reconheça como vítima do esquema procure a Delegacia de Polícia Civil mais próxima para registrar um boletim de ocorrência, o qual será encaminhado ao MP para as providências cabíveis. Também é possível contatar a Ouvidoria do Ministério Público ou a Promotoria de Justiça de Modelo. A colaboração das vítimas é essencial para a ampliação da investigação e a reparação dos danos causados.