08/10/2025 23:38:20

Atualidade
20/07/2025 08:00:00

Entenda a escalada de tensão entre EUA e Brasil

Entenda a escalada de tensão entre EUA e Brasil

A relação entre os Estados Unidos e o Brasil atravessa um período de crescente tensão, com medidas do governo de Donald Trump afetando figuras-chave do Judiciário brasileiro, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, e gerando uma série de ações que envolvem disputas comerciais e políticas. O mais recente capítulo dessa escalada ocorreu em 18 de julho de 2025, quando os EUA anunciaram a revogação dos vistos de Moraes, de seus "aliados" no STF e de seus familiares, em resposta à atuação judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Revogação de Vistos e Reação Brasileira

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que a decisão foi tomada devido à "caça às bruxas" promovida por Moraes contra Bolsonaro, acusando o governo brasileiro de criar um "aparelho de perseguição e censura" que, segundo ele, afeta até cidadãos americanos. Essa medida gerou uma resposta imediata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que classificou a ação como uma "interferência inaceitável" nos assuntos internos do Brasil e uma violação dos princípios de soberania nacional. Em suas redes sociais, Lula expressou solidariedade aos ministros do STF afetados, condenando a postura do governo dos EUA.

Além disso, o presidente brasileiro destacou que essa é uma continuação de uma série de ações tomadas pelos EUA desde o início de 2025, que incluem ameaças de tarifas sobre produtos brasileiros e uma investigação contra o sistema de pagamento eletrônico Pix, criado pelo Banco Central do Brasil.

Tarifas e Investigação Comercial

A escalada de hostilidade entre os dois países também envolveu ameaças de Trump de impor tarifas de 50% sobre as importações brasileiras, especialmente voltadas a produtos como o etanol e serviços de pagamento digital, como o Pix. Lula, por sua vez, já indicou que o Brasil retaliará caso as tarifas sejam aplicadas, com a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou aplicar contramedidas por meio da Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso brasileiro.

A Casa Branca também abriu uma investigação sobre o Pix, acusando-o de ser uma prática "desleal", prejudicando a competitividade das empresas americanas no setor de pagamentos digitais. A criação do sistema Pix e as discussões no Brics sobre uma infraestrutura financeira independente são vistas pelos EUA como uma ameaça à hegemonia do dólar no comércio global.

Pressão das Big Techs e Acusações de Censura

Outro fator que contribui para a tensão é a pressão de gigantes da tecnologia, como Google, Meta (Facebook, Instagram), X (antigo Twitter) e Telegram, que enfrentam um confronto direto com o STF devido às regras mais rígidas sobre remoção de conteúdo e bloqueio de contas nas redes sociais. Trump, aliado de algumas dessas empresas, tem acusado o STF de censura contra as redes sociais, intensificando sua ofensiva contra o governo brasileiro.

A postura das grandes plataformas e o lobby de políticos conservadores nos EUA têm influenciado a postura do governo de Trump, que utiliza essas questões como base para atacar o Judiciário brasileiro e fortalecer sua agenda ideológica.

Consequências e o Futuro das Relações

Esse embate entre os dois países envolve não apenas questões jurídicas e comerciais, mas também princípios de soberania e respeito à independência dos sistemas judiciais e políticos. A medida contra Moraes e outros membros do STF, as ameaças de tarifas e a investigação do Pix são componentes de uma estratégia mais ampla para influenciar as políticas internas do Brasil, algo que o governo brasileiro rejeita de forma enfática.

A relação entre os dois países seguirá em um clima de alta tensão, e enquanto o governo de Lula defende a soberania do Brasil, os EUA, através de Trump, continuam a pressionar com sanções e medidas comerciais, abrindo espaço para um novo capítulo nas disputas diplomáticas entre as nações.