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Acidente
12/07/2025 20:00:00

PMs presos por matar suspeito rendido em Paraisópolis já se envolveram em outras mortes em operações anteriores

PMs presos por matar suspeito rendido em Paraisópolis já se envolveram em outras mortes em operações anteriores

Os dois policiais militares detidos após a operação que resultou na morte de dois homens e na prisão de três suspeitos em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, já haviam participado de outras ações com suspeitos mortos. Ambos devem passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (11), enquanto a Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso.

Um dos envolvidos, o soldado Robson Noguchi de Lima, responde a um processo ainda em andamento por um caso ocorrido em julho do ano passado, na região de Taboão da Serra, Grande São Paulo. Na ocasião, um homem pilotando uma moto roubada foi perseguido por agentes do 36º Batalhão, onde Noguchi atuava. Segundo o boletim de ocorrência, o suspeito desembarcou do veículo, entrou em uma viela e foi atingido por disparos, morrendo no local. Noguchi também figura como réu em outras ações por homicídio na Justiça comum e já esteve implicado em pelo menos duas outras operações com resultado letal. Parte dessas investigações foi arquivada, sob alegações de legítima defesa ou falta de provas suficientes para formalizar denúncia.

O outro policial, Renato Torquato da Cruz, esteve envolvido em uma ação em Paraisópolis, em junho de 2024, que terminou com a morte de Guilherme Henrique da Silva e deixou outro homem ferido por tiros. O episódio provocou manifestações de moradores na comunidade. No início de 2025, a Justiça decidiu pelo arquivamento do caso, entendendo que Cruz havia reagido a uma tentativa de homicídio.

Operação e reação violenta da comunidade

Durante a operação na noite de quarta-feira (10), policiais do 16º Batalhão informaram que se depararam com indivíduos armados durante o patrulhamento. Houve confronto, e o caso foi registrado no 89º Distrito Policial (Portal do Morumbi), permanecendo em investigação. As imagens das câmeras corporais dos policiais, acionadas automaticamente, devem ser analisadas para esclarecer os detalhes da ação.

Após o tiroteio e as mortes, moradores da região reagiram violentamente, arremessando pedras, pedaços de madeira e incendiando veículos estacionados e em circulação. Ninguém foi preso pelos atos de depredação.

A ação também resultou na prisão de quatro suspeitos: Marcus Vinicius Mendes dos Santos, Iuri Nascimento Souza de Jesus e Vitor Davi da Silva Santos. Marcus e Iuri estavam com mandados de prisão em aberto; no caso de Marcus, havia ainda um mandado de recaptura relacionado à fuga do 89º DP. Em relação a Vitor, constava um mandado expedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia, mas esse não aparecia no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Após audiência de custódia, as prisões em flagrante dos três foram convertidas em preventivas. Um outro homem, acusado de incendiar um carro durante o tumulto, também foi detido.

PM reconhece erro em uma das mortes

A Polícia Militar de São Paulo admitiu que a morte de Igor Oliveira, ocorrida durante a operação, não seguiu os padrões aceitáveis de conduta. Segundo o porta-voz Emerson Massera, as imagens das câmeras mostraram que Igor já havia se rendido quando foi baleado por dois policiais. Diante disso, os agentes foram presos em flagrante.

"Verificamos pelas imagens que os dois policiais atiraram contra Igor quando ele já estava rendido. Por isso, a medida imediata foi a prisão em flagrante dos dois PMs", declarou Massera.

Sobre a segunda morte na mesma noite, a corporação afirmou que os policiais reagiram dentro da legalidade após serem cercados e trocarem tiros com criminosos. "Eles foram encurralados e houve uma troca intensa de tiros. Os policiais precisaram ser resgatados com apoio do Choque. As imagens das câmeras indicam que essa ocorrência transcorreu dentro da normalidade", acrescentou o porta-voz.