De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas no mundo relata sentir-se solitária. E essa sensação nem sempre está ligada ao fato de estar fisicamente sozinho. A solidão, muitas vezes, se manifesta mesmo em meio à convivência com outras pessoas.
O psiquiatra Eduardo Perin chama a atenção para os perigos do isolamento social. Segundo ele, a solidão está associada a um aumento no risco de doenças cardiovasculares, diabetes e diversos transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. “Precisa haver uma interação social presencial, né? Porque a conexão virtual não oferece totalmente a experiência”, explicou o médico.
A solidão pode surgir de diferentes formas: viver só pode ser uma escolha, uma necessidade ou uma etapa da vida. No entanto, mesmo quem vive acompanhado pode sentir-se solitário. A OMS destaca que a solidão afeta pessoas de todas as idades, sem distinção.
Aos 71 anos, Madalena conta que passou a se sentir solitária após a saída do filho e do neto, que moravam com ela. “Não tem mais aquele negócio, 'Ah vou fazer a janta, eles vão chegar, ah eu vou pedir uma pizza', sabe? Ficou tudo triste”, desabafa. Para enfrentar esse vazio, ela adotou uma rotina ativa. “Eu chego em casa e para a solidão não me pegar eu já procuro coisa para fazer, mas parado eu não fico”, afirma.
Por outro lado, há quem consiga viver bem com a própria companhia. Tatiana, de 45 anos, diz que aprendeu a estar sozinha sem se sentir solitária. Para ela, o bem-estar veio quando passou a cuidar mais de si mesma. “Quando você sente que você não pertence a um lugar, você pode estar rodeado de muita gente e vai continuar se sentindo sozinho”, reflete.
Tatiana mantém uma rotina que inclui trabalho, corrida, academia e momentos com amigos. Mas valoriza o tempo consigo mesma. “Chega no final do dia, eu quero ter um momento só para mim. E aí esse é o momento que eu chego em casa e fico só comigo e eu fico super feliz”, conclui.
A experiência de cada pessoa com a solidão é única, mas especialistas reforçam que a busca por conexões humanas verdadeiras e presença social são essenciais para a saúde emocional e física.