A Ucrânia enfrentou na madrugada desta sexta-feira, 4 de julho, o mais intenso bombardeio russo desde o início da guerra, com o lançamento de 11 mísseis e 539 drones, conforme informou a Força Aérea do país. O ataque ocorreu pouco após uma conversa telefônica entre os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, e dias depois de Washington anunciar a suspensão do envio de armamentos a Kiev.
A capital, Kiev, foi o principal alvo dos ataques, que deixaram pelo menos 23 pessoas feridas, causaram danos à infraestrutura ferroviária e provocaram incêndios em prédios e veículos. A embaixada da Polônia também foi atingida, segundo autoridades locais.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram cenas de pânico, com moradores correndo em busca de abrigo, bombeiros tentando conter chamas e prédios destruídos por explosões. Dos 550 alvos aéreos lançados, o exército ucraniano afirma ter neutralizado 270, incluindo dois mísseis de cruzeiro. Outros 208 drones foram desviados de seus trajetos com sucesso. No entanto, nove mísseis e 63 drones atingiram seus alvos, e destroços caíram em ao menos 33 localidades.
Seis dos dez distritos de Kiev registraram impactos, tanto na margem esquerda quanto na direita do rio Dnipro. No distrito de Holosiivskyi, fragmentos de um drone iraniano tipo Shahed provocaram um incêndio em uma unidade médica, conforme informou o prefeito Vitali Klitschko.
Desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, milhares de civis ucranianos já morreram em ataques do tipo, embora ambos os lados neguem atingir alvos civis.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, classificou o ataque como "cínico" e afirmou que ele aconteceu quase simultaneamente à ligação entre Trump e Putin. “Tudo isso demonstra claramente que sem uma forte pressão internacional, a Rússia não mudará sua conduta absurda e destrutiva”, declarou.
O episódio ocorre em meio ao agravamento das ofensivas russas, que têm aumentado em intensidade nas últimas semanas. A suspensão do envio de armamentos americanos, anunciada no início da semana, foi criticada por Kiev, que alertou que a medida enfraquece sua capacidade de defesa contra os ataques aéreos e avanço de tropas russas.
Donald Trump comentou que seu governo tenta ajudar a Ucrânia, mas criticou a administração anterior por ter reduzido os estoques militares dos EUA ao fornecer armas a Kiev. “Demos tantas armas… Estamos tentando ajudá-los”, disse. “Mas Biden esvaziou nosso país entregando esse material, e precisamos garantir que teremos o suficiente para nós mesmos.”
O assunto deve ser retomado em uma conversa entre Trump e Zelenski ainda nesta sexta-feira.