Bolsa brasileira bate novo recorde com otimismo externo; dólar cai ao menor valor em um ano

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) atingiu nesta quinta-feira (3) um novo recorde histórico, impulsionada pelo cenário internacional. O Índice Bovespa (IBovespa) encerrou o pregão com alta de 1,35%, alcançando 140.928 pontos — o maior patamar já registrado. No acumulado de 2025, o índice sobe 17,16%. O dólar comercial, por sua vez, recuou 0,28% e fechou a R$ 5,405, menor cotação desde junho de 2024.

O desempenho positivo da Bolsa brasileira foi influenciado por fatores externos, especialmente pelos desdobramentos políticos e econômicos nos Estados Unidos. A aprovação, pela Câmara dos Representantes, do projeto orçamentário apelidado de “Big Beautiful Bill” — proposta do presidente Donald Trump que prevê cortes em programas sociais como o Medicaid e amplia a dívida pública dos EUA em US$ 3,3 trilhões até 2034 — agitou os mercados. A medida já havia sido aprovada no Senado, com o voto de desempate do vice-presidente J.D. Vance, e será sancionada por Trump nesta sexta-feira, 4 de julho, feriado da Independência dos EUA.

Apesar da deterioração fiscal esperada, os mercados reagiram bem às notícias econômicas do país. O relatório de emprego superou as expectativas, com a criação de 147 mil vagas em junho, acima da previsão de 110 mil, e a taxa de desemprego recuou para 4,1%. A solidez do mercado de trabalho norte-americano e a postura cautelosa do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em relação a novas altas de juros reforçaram o otimismo dos investidores.

“O novo recorde da Bolsa brasileira foi embalado pelas notícias positivas do exterior. Além disso, há avanços nas discussões fiscais internas, como a proposta de corte linear de despesas, mesmo com indefinições sobre o IOF”, explicou o economista Julio Hegedus.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também destacou o fluxo de capital estrangeiro como fator decisivo para o bom desempenho da B3. Somente entre janeiro e 27 de junho, foram R$ 26,2 bilhões em entradas líquidas de investidores estrangeiros, o melhor resultado para o período desde 2022.

Além disso, declarações recentes do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sobre novos acordos comerciais, contribuíram para o ambiente de otimismo no mercado. Em entrevista à CNBC, Bessent minimizou as críticas aos cortes orçamentários feitas por Elon Musk e afirmou que as tarifas não tiveram impacto negativo sobre a economia, reforçando a confiança dos investidores.

“O mercado se recuperou rapidamente desde a mínima de abril e agora atinge novas máximas”, concluiu Bessent.