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Política
03/07/2025 04:00:00

‘Se eu não for à Suprema Corte, não governo mais o país’, afirma Lula em meio a crise com o Congresso

‘Se eu não for à Suprema Corte, não governo mais o país’, afirma Lula em meio a crise com o Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira (2) que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma medida indispensável diante da derrubada, pelo Congresso Nacional, do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em entrevista à TV Bahia, Lula afirmou que, ao não acionar a Justiça, estaria renunciando ao seu papel no Executivo. “Se eu não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país. Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso] legisla e eu governo”, disse.

Lula negou haver ruptura entre os Poderes, mas afirmou que um acordo feito dias antes da votação — realizado na casa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — foi desrespeitado. Para o presidente, a derrubada do decreto representou um ataque à autonomia do Executivo. A Advocacia-Geral da União (AGU) já entrou com ação no STF, alegando que o Congresso invadiu competência exclusiva do governo. O caso está sob análise do ministro Alexandre de Moraes.

Pressão econômica e críticas ao Congresso

O presidente argumentou que o reajuste no IOF tem como objetivo promover justiça tributária, taxando principalmente os mais ricos e preservando recursos para áreas essenciais, como saúde e educação. Ele classificou como “absurda” a decisão do Legislativo de pautar a votação de maneira inesperada, e atribuiu a manobra a pressões de setores financeiros. “Houve pressão das bets, das fintechs, possivelmente do sistema financeiro”, declarou.

A equipe econômica, liderada por Fernando Haddad, estima que a revogação do aumento do IOF poderá resultar em uma perda de R$ 10 bilhões na arrecadação de 2025, e mais de R$ 20 bilhões em 2026. Por outro lado, parlamentares argumentam que não é possível admitir novos aumentos de impostos sem uma revisão mais ampla dos gastos públicos.

Crise institucional e busca por diálogo

Após a judicialização da disputa, setores da oposição acusaram o governo de “declarar guerra ao Congresso” e prometeram uma “reação à altura”. Lula, no entanto, reforçou sua disposição em retomar o diálogo com os presidentes da Câmara e do Senado após compromissos internacionais, como a Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, e a reunião do Mercosul, na Argentina. “Vamos voltar à normalidade política neste país”, afirmou o presidente.