Ao menos oito pessoas morreram na Europa devido à onda de calor que atinge o continente desde quarta-feira (2), afetando principalmente Espanha, França e Itália. A Alemanha registrou o dia mais quente do ano, com temperaturas próximas a 40º C em algumas regiões, enquanto autoridades em toda a Europa emitiram alertas para riscos à saúde e incêndios florestais.
Mortes e incêndios na Espanha e Itália
Na Espanha, quatro pessoas morreram em consequência do calor, sendo duas vítimas de um incêndio florestal na Catalunha que devastou uma área de cerca de 40 quilômetros. Outras duas mortes foram registradas nas regiões de Extremadura e Córdoba. Na Itália, dois homens com mais de 60 anos perderam a vida na Sardenha, e um trabalhador da construção civil de 47 anos morreu na Emília-Romagna, todos em decorrência das altas temperaturas.
França registra hospitalizações e recordes de calor
Na França, a ministra da Ecologia, Agnes Pannier-Runacher, confirmou duas mortes ligadas à onda de calor e cerca de 300 pessoas hospitalizadas. O país teve o segundo mês de junho mais quente da história, atrás apenas de 2003, segundo registros da Meteo France. Os alertas vermelhos de calor se mantiveram até o fim do dia em áreas centrais do país.
Reator nuclear é desligado na Suíça
Na Suíça, a companhia estatal Axpo desligou um dos reatores da usina nuclear de Beznau e reduziu pela metade a produção de outro, devido ao superaquecimento da água do rio utilizada para resfriamento. As operações seguirão limitadas enquanto o calor continuar afetando o sistema de resfriamento.
Alemanha sofre com recordes e interrupções
Na Alemanha, escolas foram fechadas e incêndios florestais foram registrados nos estados de Brandemburgo e Saxônia. A operadora ferroviária Deutsche Bahn suspendeu várias linhas devido ao calor extremo, principalmente na Renânia do Norte-Vestfália, estado mais populoso do país. A temperatura mais alta do ano foi registrada em Kitzingen, na Baviera, com 37,8°C. O recorde histórico alemão, porém, permanece os 41,2°C registrados em 2019.
Trabalhos ao ar livre proibidos e colheitas afetadas na Itália
Com alertas vermelhos em 18 cidades italianas, o governo proibiu trabalhos ao ar livre entre 11h e 16h em treze das vinte regiões do país. Agricultores relataram prejuízos severos: na Lombardia, a produção de leite caiu 10%, enquanto melões, uvas e outros cultivos foram comprometidos em Piemonte, Toscana e Úmbria. Segundo a Coldiretti, centenas de quilos de melões foram “cozidos ainda no pé”.
Turquia evacua milhares por incêndios
Na Turquia, os bombeiros conseguiram controlar múltiplos focos de incêndio após evacuar cerca de 50 mil pessoas no início da semana. As temperaturas extremas agravaram a situação em regiões vulneráveis, exigindo resposta emergencial.
Mudanças climáticas impulsionam fenômeno
Cientistas apontam que o calor extremo é agravado pelas mudanças climáticas, resultado da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e práticas industriais. O aquecimento dos oceanos contribui para a formação de uma “cúpula de calor” que aprisiona o ar quente sobre o continente, elevando as temperaturas em até 10°C em algumas áreas.
Europa sofre bilhões em perdas por clima extremo
Segundo a Agência Europeia do Ambiente (AEA), desastres climáticos como ondas de calor, enchentes e incêndios custam bilhões de euros à Europa todos os anos. Apenas em 2023, os prejuízos ultrapassaram os 45 bilhões de euros. As maiores perdas ocorreram na Alemanha, Itália, França e Espanha, sendo que a maioria dos danos não estava coberta por seguros. As ondas de calor foram responsáveis pelo maior número de mortes.
Para a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, as temperaturas recordes não podem mais ser tratadas como exceções. “O calor extremo está testando nossa resiliência e colocando a vida de milhões em risco”, declarou.