Diante do aumento dos ataques russos com drones, a Ucrânia intensificou o uso de drones interceptadores, apelidados de "drones caçadores", como estratégia para proteger cidades e infraestruturas críticas. Somente entre os dias 1º e 20 de junho, Moscou lançou 3.681 drones, entre os modelos iranianos Shahed e versões iscas mais baratas, superando largamente a média mensal de 600 unidades registrada há um ano.
Essas aeronaves não tripuladas russas têm operado em altitudes mais elevadas, dificultando a atuação das unidades móveis de defesa aérea ucranianas. Segundo Yuriy Ihnat, porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, os Shaheds estão voando a cerca de dois quilômetros de altura, nível em que se tornam difíceis de detectar e abater com armamentos convencionais.
Frente a esse desafio, especialistas como Serhiy Beskrestnov alertam que, sem uma resposta imediata, os ataques comprometerão a infraestrutura do país. Para ele, a solução está na produção em massa de drones interceptadores e na formação de pilotos especializados.
Atualmente, as forças ucranianas utilizam drones FPV (visão em primeira pessoa) equipados com câmeras para abater drones russos de vigilância e de ataque. Contudo, os Shaheds, que atingem velocidades de até 300 km/h, exigem modelos mais rápidos e com maior capacidade de manobra. Organizações como a Fundação Comunitária Sternenko e empresas como a Wild Hornets e a Besomar têm desenvolvido drones com essa finalidade, conseguindo resultados promissores em campo.
O presidente Volodimir Zelenski afirmou, durante a cúpula do G7 no Canadá, que o país está acelerando o desenvolvimento de drones interceptadores em parceria com aliados internacionais. A startup alemã Tytan Technologies também colabora com a Ucrânia, testando seu modelo de interceptador com as forças militares locais.
Enquanto isso, academias como a Dronarium Academy, em Kiev, estão formando novos pilotos com simuladores específicos para combate aéreo. O treinamento de um piloto de drone FPV leva cerca de um mês e é considerado essencial para a nova estratégia de defesa.
Para especialistas e fabricantes, o uso de drones interceptadores representa uma alternativa mais econômica e eficaz ao disparo de mísseis antiaéreos, que podem custar até 1 milhão de dólares. Em contraste, um drone interceptador tem um custo estimado de apenas 5 mil dólares, permitindo ao exército ucraniano defender suas posições com maior eficiência e menor despesa.
Segundo Roman Shemechko, cofundador da Besomar, o emprego desses drones em massa pode transformar o campo de batalha: “Seria como viver uma Guerra nas Estrelas, com ataques guiados e perseguições aéreas em tempo real, muito mais eficazes do que simplesmente disparar contra alvos a grandes altitudes.”