Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, aponta que o uso da semaglutida – princípio ativo presente em medicamentos como Ozempic, Wegovy e Rybelsous – pode diminuir significativamente o risco de demência entre pessoas com diabetes tipo 2.
A pesquisa analisou prontuários eletrônicos de mais de 1,5 milhão de pacientes com diabetes tipo 2 e utilizou um modelo estatístico semelhante a um ensaio clínico. Os resultados indicaram que aqueles que faziam uso de medicamentos da classe dos análogos de GLP-1, como a semaglutida, apresentaram menor propensão ao desenvolvimento de Alzheimer e outras formas de demência, em comparação com os que usavam outros medicamentos para controle da glicemia.
Embora o envelhecimento seja o principal fator de risco para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, o estudo ressalta que condições crônicas, incluindo o diabetes, também contribuem para a deterioração cognitiva. Os pesquisadores levantam a hipótese de que a semaglutida, ao promover um melhor controle dos níveis de açúcar no sangue e reduzir inflamações associadas à degeneração cerebral, possa exercer um efeito neuroprotetor.
Além da ação metabólica, há indícios de que os análogos de GLP-1 atuem diretamente no sistema nervoso central, ajudando a mitigar inflamações que favorecem o avanço do Alzheimer. “Esse achado se soma a uma crescente evidência de que os análogos de GLP-1 podem ir além do controle metabólico, agindo de forma preventiva sobre a saúde neurológica”, afirma o estudo.
No Brasil, estima-se que aproximadamente 2 milhões de pessoas vivam com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por cerca de 70% dos casos. Já o número de brasileiros com diabetes chega a 20 milhões.
Principais riscos e efeitos colaterais da semaglutida
Apesar dos benefícios apontados, especialistas alertam que o uso da semaglutida deve ocorrer apenas com prescrição e acompanhamento médico. O endocrinologista Paulo Rosenbaun, do Hospital Albert Einstein, ressalta que o uso prolongado pode causar efeitos significativos, especialmente em idosos, como a osteoporose relacionada à perda de peso. Em geral, os efeitos colaterais mais comuns estão ligados ao trato gastrointestinal.
Entre os efeitos adversos mais frequentes estão:
Obstipação (prisão de ventre);
Diarreia;
Náusea.
Há também contraindicações para pessoas com histórico de:
Pancreatite;
Cálculos biliares;
Anemia;
Problemas na tireoide.
Além disso, o medicamento não é indicado para quem deseja perder apenas alguns quilos sem apresentar sobrepeso ou obesidade com risco à saúde.
O médico Fabio Moura, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), reforça que esses medicamentos foram desenvolvidos para uso contínuo e de longo prazo, mas com prescrição e acompanhamento adequados para garantir segurança e eficácia.