O Japão executou nesta sexta-feira (27) Takahiro Shiraishi, conhecido como o "assassino do Twitter", condenado por matar e esquartejar nove pessoas em 2017 após atraí-las pela rede social. Essa foi a primeira execução no país desde 2022.
Shiraishi, de 34 anos, foi enforcado por crimes que chocaram o país: ele procurava vítimas que expressavam ideias suicidas no Twitter (atualmente chamado X), oferecendo ajuda ou dizendo que poderia morrer junto com elas. Ao atrair essas pessoas para seu apartamento, ele cometia estupros, estrangulamentos e ocultação de cadáveres, armazenando partes dos corpos em caixas e refrigeradores.
Segundo o ministro da Justiça, Keisuke Suzuki, as ações do condenado foram movidas por “desejos sexuais e financeiros” e causaram “grande choque e ansiedade à sociedade”. O ministro afirmou que, após reflexão cuidadosa, autorizou a execução.
Shiraishi foi condenado à morte em 2020. Suas vítimas tinham entre 15 e 26 anos. Seus advogados tentaram argumentar que as vítimas haviam consentido com a morte, mas o juiz do caso rejeitou a tese, classificando os crimes como cruéis e destacando que ele se aproveitou da fragilidade emocional das vítimas.
O caso veio à tona após o desaparecimento de uma jovem de 23 anos. Seu irmão acessou sua conta no Twitter e, com base nas interações, levou a polícia até o apartamento de Shiraishi, onde as autoridades encontraram restos humanos.
Debate sobre a pena de morte no Japão
A execução ocorre em meio a um debate crescente sobre a pena de morte no país, intensificado recentemente pelo caso de Iwao Hakamada, um homem de 89 anos que foi inocentado após passar quase 50 anos no corredor da morte por um crime que não cometeu.
No Japão, cerca de 100 pessoas aguardam atualmente no corredor da morte. Apesar da lei prever que a execução ocorra até seis meses após o esgotamento das apelações, na prática, os presos permanecem anos — ou até décadas — no isolamento, sem aviso prévio da data de execução.
O país, ao lado dos Estados Unidos, é o único do G7 que ainda aplica a pena capital, e conta com amplo apoio popular à medida. As execuções são realizadas exclusivamente por enforcamento e mantidas sob rígido sigilo.
Entre os casos mais notórios de execução estão o de Tomohiro Kato, autor de um ataque com caminhão e faca em Tóquio em 2008, e o do guru Shoko Asahara, líder da seita Aum Shinrikyo, responsável pelo ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995, que matou 14 pessoas.