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Acidente
27/06/2025 14:00:00

Depois do Irã, Coreia do Norte pode ser a próxima?

Depois do Irã, Coreia do Norte pode ser a próxima?

Após os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares do Irã, cresce a preocupação de que a Coreia do Norte esteja se preparando para evitar sofrer um destino semelhante. Pyongyang, que já possui armas nucleares e mantém relações próximas com Teerã, condenou duramente as ações norte-americanas e israelenses, classificando-as como violações à soberania iraniana e à Carta das Nações Unidas.

Há décadas, suspeita-se de uma cooperação militar entre Irã e Coreia do Norte, especialmente no desenvolvimento de mísseis balísticos. Cerca de 20 anos atrás, engenheiros norte-coreanos ajudaram a construir túneis subterrâneos nas instalações nucleares iranianas em Natanz e Isfahan, compartilhando com Teerã seu extenso conhecimento em estruturas fortificadas adquiridas desde a Guerra da Coreia.

Agora, especialistas afirmam que o regime de Kim Jong-un está acompanhando de perto os resultados da Operação Martelo da Meia-Noite, quando os EUA utilizaram bombas penetradoras GBU-57 para atingir instalações subterrâneas iranianas. O tenente-general sul-coreano aposentado Chun In-bum acredita que a Coreia do Norte está analisando os impactos desses ataques para reforçar ainda mais seus próprios bunkers, melhorar suas defesas aéreas e garantir capacidade de retaliação eficaz.

Para Chun, a prioridade de Kim é evitar surpresas como as enfrentadas pelo Irã, reforçando a proteção de seus arsenais e a segurança pessoal diante da possibilidade de ataques cirúrgicos. A ameaça implícita de uma possível “troca de regime” deixou o líder norte-coreano em alerta, especialmente após insinuações de que os EUA sabiam a localização exata do líder supremo iraniano, Ali Khamenei.

Segundo Leif-Eric Easley, professor da Universidade de Mulheres Ewha, em Seul, a Coreia do Norte aprendeu com os erros estratégicos do Irã. Teerã teria subestimado a superioridade de inteligência e tecnologia de seus adversários, o que enfraqueceu sua capacidade de resposta. A Coreia do Norte, por sua vez, opera com um programa nuclear mais avançado, com mísseis intercontinentais e ogivas possivelmente prontas para múltiplos tipos de lançamento.

Além disso, a geopolítica joga a favor de Pyongyang. Diferente do Irã, a Coreia do Norte conta com o apoio próximo da China e da Rússia, que têm maior capacidade de fornecer suporte militar e diplomático. Moscou, por exemplo, enviou recentemente seu ministro da Defesa para se reunir com Kim Jong-un, ao mesmo tempo em que recebia autoridades iranianas após os ataques americanos.

Essa articulação internacional evidencia como as tensões regionais estão cada vez mais interligadas. Para Kim Jong-un, proteger seu regime e manter sua posição como líder da única dinastia comunista hereditária do mundo tornou-se mais prioritário do que nunca. E isso significa, acima de tudo, manter sua localização e movimentos cercados do mais absoluto sigilo.