Uma nova combinação de medicamentos administrada por injeção semanal apresentou resultados significativos no controle da obesidade e do pré-diabetes. A fórmula, batizada de CagriSema, reúne a semaglutida, já conhecida no tratamento para perda de peso, com a cagrilintida, substância semelhante a um hormônio pancreático. Os dados foram apresentados neste domingo (22) durante o congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA), em Chicago, e também publicados na revista científica The New England Journal of Medicine.
Os ensaios clínicos Redefine 1 e 2, conduzidos pela farmacêutica Novo Nordisk, mostraram que a CagriSema proporcionou uma redução média de 22,7% do peso corporal entre voluntários com sobrepeso ou obesidade. Além disso, 93% dos indivíduos com diagnóstico de pré-diabetes tiveram reversão da condição. Em 68 semanas de uso da dose semanal de 2,4 mg de cada substância, 23% dos participantes chegaram a perder pelo menos 30% do peso corporal inicial.
No estudo Redefine 2, voltado para pessoas com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2, os participantes tiveram redução média de 15,7% no peso, além de melhorias nos níveis de colesterol, pressão arterial e outros indicadores de saúde. Metade dos voluntários atingiu índice de massa corporal inferior a 30, saindo da faixa de obesidade.
Os pesquisadores consideram os resultados bastante positivos. O médico Timothy Garvey, professor na Universidade do Alabama e coordenador da pesquisa, afirmou que a CagriSema está entre os tratamentos farmacológicos mais eficazes para emagrecimento já registrados. Ele destacou ainda o potencial da nova terapia para conter o avanço do diabetes tipo 2, um dos desdobramentos mais comuns da obesidade.
No Brasil, os dados epidemiológicos apontam que cerca de 30% da população está obesa, e entre 40 a 50 milhões de brasileiros vivem com pré-diabetes. Segundo João Eduardo Nunes Salles, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabetes, o pré-diabetes já deve ser considerado uma doença, exigindo medidas imediatas, especialmente a redução de peso. A mesma lógica se aplica à obesidade, que é apontada como uma das principais causas do diabetes tipo 2.
A principal reação adversa relatada foi náusea, especialmente entre os participantes que não tinham diabetes. A Novo Nordisk prevê submeter o novo medicamento à avaliação de agências reguladoras internacionais no primeiro trimestre de 2026. Caso seja aprovado, o tratamento poderá representar um avanço significativo na prevenção e controle dessas doenças crônicas que afetam milhões de pessoas.