A Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Rodovias (NHTSA), principal órgão de segurança viária dos Estados Unidos, abriu uma investigação envolvendo Elon Musk e a Tesla após a divulgação de vídeos que mostram falhas no desempenho de veículos autônomos da empresa. O foco é o novo serviço de Robotáxis, lançado no fim de semana em Austin, no Texas, onde carros foram flagrados ultrapassando o limite de velocidade e trafegando na contramão.
A Tesla estreou o serviço em fase inicial, com cerca de dez veículos circulando em uma área restrita da cidade, acompanhados por motoristas de segurança posicionados no banco do passageiro. A ação foi amplamente divulgada com a participação de influenciadores que utilizaram os Robotáxis e publicaram vídeos das viagens, alguns dos quais chamaram a atenção da NHTSA por mostrarem comportamento irregular dos veículos.
Em um dos registros, um dos carros faz uma curva à esquerda de forma incorreta, entrando na pista contrária ao cruzar uma linha dupla amarela antes de retornar à via correta. Já outro vídeo mostra um carro trafegando muito acima do limite de velocidade, ação que foi elogiada pelo youtuber responsável pela publicação.
A NHTSA confirmou que está “ciente dos incidentes mencionados” e que entrou em contato com a Tesla para solicitar mais informações. A agência ressaltou que não aprova previamente sistemas de condução autônoma e que as fabricantes são responsáveis por garantir que seus veículos estejam em conformidade com os padrões de segurança. Casos como esses são analisados a partir de evidências e denúncias, podendo resultar em ações legais com base no Vehicle Safety Act.
Elon Musk, ex-aliado do ex-presidente Donald Trump, tem apostado alto no futuro dos Robotáxis e prevê que milhões de veículos 100% autônomos da Tesla estarão circulando nas cidades até a segunda metade de 2026 — uma previsão semelhante à feita em 2019. A pressão por inovação ocorre em meio à queda nas vendas da montadora e a uma redução de 71% nos lucros no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2024.
Além da investigação recente, a Tesla segue sob escrutínio em outra frente desde 2024. A NHTSA mantém uma apuração em andamento sobre o modo “Full-Self Driving” após diversos relatos de falhas em condições adversas de visibilidade. Um caso emblemático ocorreu em 2023, no Arizona, quando um Tesla, supostamente em modo autônomo, atropelou e matou uma mulher de 71 anos ao anoitecer, quando havia reflexo solar na pista.
O cerco da agência reforça o alerta sobre os riscos do uso comercial de veículos autônomos sem regulamentação robusta e coloca Musk novamente no centro de uma controvérsia que combina tecnologia, segurança pública e ambições corporativas.