Encravado nas profundezas de uma montanha ao sul de Teerã, o complexo nuclear de Fordo tornou-se o principal alvo da ofensiva americana contra o programa nuclear do Irã. Em uma ação conjunta com Israel, os Estados Unidos lançaram um ataque de grande escala utilizando suas armas mais potentes: as superbombas antibunker GBU-57, com 13,6 toneladas. A operação foi anunciada pelo presidente Donald Trump, que afirmou que as instalações de Fordo, Natanz e Isfahan foram “completamente destruídas”.
Fordo sempre representou um desafio estratégico e militar. Construído a cerca de 100 metros abaixo do solo, em uma antiga base militar próxima à cidade sagrada de Qom, o local foi projetado com túneis profundos e reforços estruturais capazes de resistir a ataques aéreos convencionais. Esse nível de proteção natural tornou o complexo praticamente inacessível a armas convencionais de Israel, o que motivou a entrada direta dos Estados Unidos na campanha militar.
Arsenal e estratégia
A GBU-57, usada no ataque, é conhecida como “destruidora de bunkers” e pode penetrar até 61 metros de rocha ou 18 metros de concreto antes de explodir. Para atingir Fordo, os EUA lançaram 14 dessas bombas a partir de sete bombardeiros B-2, apoiados por mísseis disparados de submarinos. A operação visou a aniquilação das estruturas subterrâneas que, segundo estimativas, abrigavam cerca de 3 mil centrífugas utilizadas no enriquecimento de urânio.
A complexidade do ataque se deu justamente pela profundidade e pelo reforço interno da instalação. Antes da ofensiva, especialistas questionavam se a GBU-57 teria eficácia contra uma estrutura como Fordo, que, além de estar além do alcance máximo conhecido da bomba, possuía barreiras adicionais de concreto armado.
Reações e incertezas
O Irã confirmou que Fordo, Isfahan e Natanz foram atacadas, mas negou que os danos tenham sido severos. Já o Pentágono manteve a versão americana, reafirmando que os complexos foram severamente atingidos e que o objetivo estratégico foi alcançado. Trump, por sua vez, declarou que os EUA “obliteraram” os principais centros nucleares iranianos.
Apesar da gravidade do ataque, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU responsável pela fiscalização nuclear, afirmou que não houve elevação nos níveis de radiação fora das instalações atingidas. A declaração sugere que, até o momento, não houve vazamento de material radioativo em consequência dos bombardeios.
Importância de Fordo no programa nuclear iraniano
Embora menor que Natanz, Fordo era considerado um dos pontos mais sensíveis do programa nuclear do Irã. Foi ali que, em 2023, a AIEA detectou urânio enriquecido a 83,7% de pureza, próximo ao patamar de 90% necessário para armas nucleares. O complexo era símbolo da resiliência do regime iraniano e da sua capacidade de esconder e proteger atividades nucleares em estruturas subterrâneas.
Antes da campanha militar iniciada por Israel em junho, o Irã havia anunciado planos de modernização para Fordo, intensificando o grau de pureza do urânio produzido no local. A destruição parcial ou total da instalação representa, portanto, um duro golpe ao avanço nuclear do país.
O episódio marca um ponto crítico na escalada militar entre Irã, Israel e Estados Unidos, com potencial para redefinir os rumos da diplomacia e segurança no Oriente Médio.