A estrutura de comando no Irã é composta por uma combinação singular de líderes eleitos, autoridades religiosas designadas e militares com grande influência. Esse modelo institucional, que mescla elementos religiosos e civis, ganhou destaque após os recentes ataques militares israelenses, os quais intensificaram tensões já presentes em razão de sanções econômicas, crises sociais internas e disputas de poder.
No ápice dessa hierarquia está o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, nomeado em caráter vitalício em 1989 pela Assembleia dos Peritos. Ele detém autoridade sobre todas as áreas do Estado, desde a política externa e forças armadas até o Judiciário e os meios de comunicação. A Constituição iraniana, em seu artigo 110, confere a ele competências amplas, como declarar guerra e nomear altos cargos governamentais.
O presidente da República Islâmica, atualmente Masoud Pezeshkian, foi eleito em julho de 2024 após a morte de Ebrahim Raisi. Pezeshkian apresenta um perfil moderado e defende o reatamento das negociações com o Ocidente. No entanto, sua atuação está limitada às funções executivas e diplomáticas cotidianas, sem autoridade sobre os assuntos estratégicos controlados pelo líder supremo.
Entre os órgãos centrais de controle, destaca-se o Conselho dos Guardiães, com 12 membros – seis indicados diretamente por Khamenei e os demais aprovados pelo Parlamento. O conselho fiscaliza a legislação e determina quem pode disputar cargos públicos. Desde 1992, o órgão é liderado por Ahmad Jannati, clérigo conservador fiel ao líder supremo.
O Conselho de Discernimento exerce função mediadora entre o Parlamento e o Conselho dos Guardiães, resolvendo impasses legislativos. Seus integrantes, também escolhidos por Khamenei, incluem clérigos, militares e ex-presidentes, reforçando a influência direta do líder supremo na governabilidade.
A Guarda Revolucionária do Irã (IRGC), formada após a Revolução Islâmica de 1979, evoluiu de uma milícia protetora do regime para uma força militar paralela de imensa presença política e econômica. Estima-se que ela detenha até 40% da economia nacional, operando em setores como energia e construção. A IRGC também conduz operações militares externas e monitoramento interno. Após a morte de Hossein Salami em 2025, o comando foi entregue ao general Mohammad Pakpour, estreitando ainda mais os laços entre os militares e o núcleo do poder.
O Parlamento iraniano, chamado Majlis, é composto por 290 deputados eleitos por voto direto. Apesar de seu amplo poder legislativo, suas decisões são constantemente revisadas pelo Conselho dos Guardiães. Atualmente, o órgão é presidido por Mohammad Bagher Qalibaf, figura de perfil conservador, ex-general da IRGC, com longa trajetória na política e na administração pública.
Esse conjunto institucional revela uma república moldada por um delicado equilíbrio entre forças religiosas, militares e civis, onde o líder supremo permanece como o centro gravitacional da autoridade no Irã.