O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (19/06) que só tomará uma decisão definitiva sobre um eventual envolvimento militar contra o Irã dentro de duas semanas. O adiamento ocorre em meio ao conflito crescente entre Israel e o regime iraniano, que já dura oito dias, e dá margem para que alternativas diplomáticas sejam exploradas, principalmente por países europeus.
Trump avalia o uso de força contra instalações nucleares do Irã, localizadas em bunkers fortificados, como a usina de Fordo, ainda intacta após os ataques israelenses. O arsenal americano inclui a bomba penetrante GBU-57, capaz de atingir esses alvos subterrâneos, que exige o uso de bombardeiros furtivos B-2, operados por militares dos EUA.
No entanto, o presidente também enfrenta pressões internas para evitar a entrada do país em um novo conflito externo, o que contradiz uma de suas principais promessas de campanha. A Casa Branca, por meio da secretária de imprensa Karoline Leavitt, declarou que há uma "chance substancial" de negociações com o Irã no curto prazo, o que motivou o adiamento da decisão.
O intervalo de duas semanas também permitirá aos EUA posicionar melhor seus recursos militares na região, incluindo a possível chegada de um segundo porta-aviões e esforços conjuntos com Israel para enfraquecer os sistemas de defesa aérea iranianos ao redor de Fordo, conforme revelou o The New York Times.
Europa tenta intermediar saída pacífica
Enquanto isso, os governos da Alemanha, França e Reino Unido buscam abrir caminho para uma solução diplomática. Nesta sexta-feira (20), os ministros das Relações Exteriores dos três países — Johann Wadephul (Alemanha), Jean-Noel Barrot (França) e David Lammy (Reino Unido) — se reúnem em Genebra com o chanceler iraniano Abbas Araghchi para discutir o futuro do programa nuclear iraniano e os riscos de escalada do conflito.
David Lammy também esteve em Washington na quinta-feira (19), onde se encontrou com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e com o enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Após a reunião, Lammy afirmou que o momento atual representa uma "janela de oportunidade" para uma saída negociada.
Genebra, palco de históricos acordos com o Irã, volta a ser central nas articulações diplomáticas. Foi na cidade suíça que, em 2013, foram lançadas as bases do acordo nuclear de 2015 entre o Irã e potências globais, interrompido posteriormente por tensões geopolíticas.
As próximas semanas serão decisivas para o desfecho da crise. De um lado, cresce a pressão por uma ofensiva militar; de outro, há esforços intensos para evitar um novo conflito no Oriente Médio. A comunidade internacional observa com atenção.