No Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo contundente por mais solidariedade prática com milhões de pessoas forçadas a deixar seus lares por guerras, perseguições e desastres. Segundo ele, a solidariedade precisa ir além das palavras e se transformar em ações concretas como ampliação do apoio humanitário, proteção efetiva, reassentamento e respeito ao direito internacional de buscar asilo.
Guterres alertou para o fechamento de fronteiras e o avanço da xenofobia, o que tem dificultado ainda mais a vida de refugiados que fogem de conflitos devastadores em países como Sudão, Ucrânia, Haiti e Mianmar. Ele destacou que cada pessoa deslocada carrega uma história de perda profunda e um futuro incerto, muitas vezes enfrentando hostilidade e abandono nos países anfitriões.
O chefe das Nações Unidas classificou como "injusta e insustentável" a atual redução do apoio internacional aos refugiados. Ele lembrou que, apesar da falta de recursos, essas populações continuam demonstrando coragem e resiliência e que, quando recebem oportunidade, contribuem significativamente para as sociedades que os acolhem. Guterres defendeu investimentos em educação, trabalho digno e igualdade de direitos como meios essenciais para promover a integração a longo prazo.
Enquanto isso, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) anunciou cortes severos em sua estrutura global, após uma drástica queda no financiamento humanitário em relação ao ano anterior. A reestruturação inclui o fechamento ou redução de escritórios, a eliminação de quase metade dos cargos sêniores em Genebra e em escritórios regionais, além da extinção de cerca de 3,5 mil postos de trabalho. Profissionais temporários também foram dispensados, e a agência estima uma redução de aproximadamente 30% nos custos de pessoal em todo o mundo.
Mesmo com esses desafios, Guterres reforçou que a responsabilidade de proteger os refugiados é coletiva e urgente, e que é preciso enfrentar essa crise com empatia, compromisso e ação concreta.