Apesar da desaceleração recente da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, fixando os juros básicos da economia em 15% ao ano. A nova taxa é a mais alta desde julho de 2006, quando chegou a 15,25%. A decisão surpreendeu parte do mercado, que apostava na manutenção dos juros em 14,75% ao ano.
Em nota, o Copom indicou que a taxa será mantida nesse patamar nas próximas reuniões, a menos que haja novas pressões inflacionárias. O comitê também afirmou que continuará atento aos desdobramentos econômicos e que poderá retomar os aumentos, caso julgue necessário para conter a inflação.
Selic sobe pela sétima vez consecutiva e deve encerrar ciclo de alta
Essa foi a sétima elevação seguida da Selic desde setembro de 2024. A taxa havia sido mantida em 10,5% de junho a agosto do ano passado, mas passou a subir gradualmente a partir de setembro, com uma sequência de altas que incluiu ajustes de 0,25, 0,5 e até 1 ponto percentual. O ciclo atual, segundo o BC, está próximo do fim, devendo ser interrompido no segundo semestre.
Inflação segue acima da meta e pressiona decisões do BC
A principal justificativa para o aperto monetário é o controle da inflação oficial, medida pelo IPCA, que registrou alta de 0,26% em maio. No acumulado de 12 meses, o índice atinge 5,32%, acima do teto da meta contínua, que é de 4,5%. A nova sistemática de metas, vigente desde janeiro, determina um centro de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O Banco Central estima que a inflação deve terminar 2025 em 4,9% e 2026 em 3,6%. No relatório anterior, divulgado em março, a projeção para 2025 era de 4,8%. Já o mercado projeta um IPCA de 5,25% para este ano, conforme o último boletim Focus.
Juros altos encarecem crédito e dificultam crescimento
Com a Selic a 15%, o custo do crédito para consumidores e empresas aumenta, desestimulando o consumo e os investimentos, o que ajuda a conter a inflação. No entanto, esse movimento também reduz o ritmo de crescimento econômico. O BC reduziu sua previsão de expansão do PIB para 1,9% em 2025, enquanto o mercado prevê crescimento de 2,2%.
A Selic é a taxa de referência para todas as demais taxas de juros da economia e influencia diretamente os custos dos financiamentos, o retorno dos investimentos e a dinâmica da dívida pública. Para que o Copom volte a cortar os juros, será necessário um cenário mais favorável, com inflação controlada e expectativas ancoradas dentro da meta.