A escalada do conflito entre Israel e Irã ganhou um novo e preocupante capítulo nesta quarta-feira (18), quando o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, revelou ao Congresso americano que o país considera fornecer a Israel a bomba GBU-57, conhecida como “destruidora de bunkers”. O armamento, de quase 14 toneladas, é projetado para atingir instalações subterrâneas altamente protegidas, como o complexo nuclear iraniano de Fordo, localizado sob uma montanha.
O uso da bomba exigiria a atuação direta da força aérea americana, já que ela só pode ser lançada por bombardeiros B-2, o que implicaria uma entrada formal dos EUA no conflito. Essa possibilidade vem sendo discutida nos bastidores desde que Israel iniciou, na última sexta-feira (13), uma ofensiva unilateral contra instalações nucleares e militares iranianas. Inicialmente, os EUA negaram qualquer envolvimento, com o presidente Donald Trump defendendo uma solução diplomática. No entanto, os recentes sinais da Casa Branca apontam para um possível reposicionamento estratégico.
Durante uma sabatina no Senado, Hegseth declarou que cabe exclusivamente ao presidente decidir sobre um eventual ataque. Ao ser questionado por jornalistas na Casa Branca, Trump adotou um tom ambíguo: “Talvez eu faça, talvez não. Ninguém sabe o que vou fazer”. O presidente já determinou, contudo, a evacuação de cidadãos americanos de Israel, inclusive por via marítima, medida também adotada pela França.
Trump voltou a elevar o tom contra o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, chamando-o de “alvo fácil” e afirmando que, embora ainda não o tenha atacado, sabe exatamente onde ele está escondido. Em resposta, Khamenei alertou que qualquer ataque dos EUA provocará “danos irreparáveis”.
A mídia iraniana noticiou explosões na cidade de Isfahan, onde estão localizadas instalações nucleares, e confirmou ataques que mataram comandantes militares e cientistas. O Irã também reforçou que não negociará com os Estados Unidos enquanto estiver sob bombardeio.
As tensões diplomáticas aumentaram ainda mais após a retirada repentina de Trump da cúpula do G7 para discutir o conflito com seu Conselho de Segurança Nacional. Em sua rede social, ele exigiu “rendição incondicional” do Irã, ao mesmo tempo em que reafirmou o “controle total dos céus iranianos” por parte das forças americanas.
Em meio a isso, o porta-aviões USS Nimitz foi redirecionado para o Oriente Médio, enquanto o USS Carl Vinson e outros navios de guerra já estão posicionados no Mar da Arábia. A Força Aérea dos EUA também reforçou sua presença com caças e aeronaves de reabastecimento posicionadas estrategicamente na Europa. Estima-se que cerca de 40 mil soldados americanos estejam atualmente baseados no Oriente Médio.
O vice-presidente J.D. Vance afirmou que Trump “pode decidir que é necessário tomar medidas adicionais” para interromper o enriquecimento de urânio do Irã. Fontes da imprensa americana, como o New York Times, relatam que o envio de aviões-tanque para apoiar caças israelenses em missões de longo alcance também está em análise.
Esmail Baghaei, porta-voz da diplomacia iraniana, alertou que qualquer intervenção militar americana representaria “uma receita para guerra total” na região. Apesar disso, afirmou que o Irã continua aberto a soluções diplomáticas, reforçando que “a diplomacia nunca acaba”.
Com a intensificação dos ataques, o número de vítimas civis e militares cresce nos dois países. Israel confirmou a morte de ao menos 24 pessoas e centenas de feridos, enquanto o Irã relatou 224 mortos, incluindo altos comandantes e cientistas ligados ao programa nuclear. A possibilidade de uma ofensiva americana direta, somada à retórica crescente de ambos os lados, gera temor de um conflito de grandes proporções no Oriente Médio.