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Economia
18/06/2025 21:00:00

Mais de 80% das famílias de Maceió estão endividadas, aponta pesquisa

Mais de 80% das famílias de Maceió estão endividadas, aponta pesquisa

Um levantamento realizado pelo Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que mais de 80% das famílias de Maceió possuem algum tipo de dívida. O dado, referente ao mês de maio, representa um crescimento de 15 pontos percentuais em comparação com o mesmo período de 2024 e atinge, sobretudo, os lares com renda de até 10 salários mínimos, onde o índice chega a 80,6%.

Além do aumento expressivo no número de endividados, a inadimplência também registrou avanço significativo: 41% das famílias da capital estão com pagamentos em atraso, o que representa uma elevação de mais de 40% em relação ao ano anterior. Entre os lares de menor renda, o índice de inadimplência sobe para 43%, revelando uma maior dificuldade em manter as contas em dia.

A pesquisa também aponta um crescimento na percepção de endividamento. O grupo que se considera “muito endividado” subiu de 18,9%, em abril, para 20,7% em maio. A queda nos percentuais de famílias que se classificam como “pouco” ou “mais ou menos” endividadas sugere que parte da população está migrando para níveis mais graves de comprometimento financeiro, influenciada pelo aumento do custo de vida e maior dependência de crédito.

Apesar do cenário preocupante, o percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas manteve-se em 9,1%, mostrando estabilidade em relação ao ano anterior. Isso pode indicar algum efeito positivo de renegociações, programas de apoio ou leve melhora na renda.

O cartão de crédito continua sendo o principal fator de endividamento: 99% das famílias endividadas apontam essa modalidade como sua principal fonte de dívida, o que evidencia sua utilização até mesmo para despesas do dia a dia. Os carnês também ganharam espaço e são utilizados por 33,1% dos consumidores, quase o dobro do registrado no ano passado. Crédito pessoal (6,3%) e financiamentos de veículos e imóveis (5,5%) completam a lista das principais formas de contratação de dívidas.

Entre as famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o endividamento também aumentou — de 61% para 72% —, mas a inadimplência nesse grupo é significativamente menor, com apenas 13,4%, indicando maior capacidade de controle e renegociação financeira.

Segundo o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário, o avanço do endividamento e da inadimplência pode afetar diretamente o comércio varejista da capital. “O crédito está sendo usado não só para financiar bens, mas para manter o consumo básico. Isso exige atenção do comércio local, pois o comprometimento da renda familiar impacta diretamente a capacidade de consumo e pagamento”, alerta.