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Acidente
17/06/2025 18:00:00

De que lado estão as grandes potências — e o Brasil — no conflito entre Israel e Irã

De que lado estão as grandes potências — e o Brasil — no conflito entre Israel e Irã

O recente conflito entre Israel e Irã, deflagrado após ataques israelenses na madrugada de sexta-feira (13/6) contra instalações nucleares iranianas, resultou em um dos episódios mais graves da rivalidade histórica entre os dois países. As ações militares, que atingiram alvos estratégicos como a usina de Natanz e mataram figuras importantes da elite militar iraniana, desencadearam retaliações por parte do Irã e reacenderam tensões internacionais, levando mais de 240 mortes até agora. Diante desse cenário, grandes potências mundiais e o Brasil se posicionaram de formas distintas.

EUA: apoio a Israel, mas com distância pública

Os Estados Unidos afirmaram não ter participação direta na decisão de Israel de atacar o Irã, embora o presidente Donald Trump tenha declarado total apoio ao governo israelense. O secretário de Estado, Marco Rubio, frisou que os EUA não estão envolvidos nos bombardeios e que sua principal preocupação é proteger suas forças militares no Oriente Médio. Apesar disso, a TV estatal iraniana responsabilizou Washington, chamando os EUA de “cúmplices” pelas mortes de civis. Trump confirmou que foi avisado previamente por Israel sobre o ataque e, em entrevistas, elogiou a operação militar, sinalizando que novos ataques ainda podem ocorrer. Analistas apontam que o governo americano tenta se beneficiar politicamente da ofensiva, mantendo uma postura ambígua: apoia Israel, mas evita envolvimento direto que possa escalar ainda mais o conflito.

China: condenação a Israel e apoio ao Irã

A China adotou uma posição crítica aos bombardeios israelenses, defendendo o direito do Irã à autodefesa. O ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, condenou a violação da soberania iraniana e se ofereceu como mediador para tentar conter o avanço das hostilidades. Pequim pediu que todas as partes tomem medidas para reduzir a tensão e retornar ao diálogo diplomático, reforçando seu papel como ator de equilíbrio no cenário internacional.

Rússia: alinhamento com o Irã e crítica a Israel

Moscou também condenou os ataques israelenses e se prontificou a mediar uma solução diplomática. O presidente Vladimir Putin entrou em contato com os líderes de ambos os países logo após o início do conflito e, segundo analistas russos, o Kremlin pode se beneficiar indiretamente do confronto, que desvia a atenção internacional da guerra na Ucrânia e pressiona a alta dos preços do petróleo, favorecendo a economia russa. No entanto, a Rússia também reconhece os riscos que a escalada representa, já que possui acordos estratégicos com o Irã e não conseguiu evitar o ataque de Israel, mesmo sendo um aliado importante de Teerã.

Brasil: condenação a Israel e preocupação com escalada

O governo brasileiro manifestou uma posição fortemente crítica ao ataque israelense, considerando-o uma violação da soberania iraniana e uma ameaça à paz internacional. O Itamaraty alertou para os riscos de um conflito de grande escala e pediu o fim imediato das hostilidades. Até o momento, o Brasil não se pronunciou sobre os ataques de retaliação do Irã a Israel.

O agravamento do conflito afetou diretamente autoridades brasileiras que estavam em Israel participando de um evento de tecnologia e segurança. As comitivas, que incluíam prefeitos de grandes cidades, precisaram se abrigar em bunkers e foram posteriormente retiradas para a Jordânia.

A tensão entre Brasil e Israel já era significativa desde o início da guerra em Gaza, em 2023. O presidente Lula tem feito duras críticas ao governo israelense, classificando suas ações na Faixa de Gaza como genocidas e acusando o Estado de Israel de vitimismo ao se defender com acusações de antissemitismo. Há discussões no governo brasileiro sobre o rompimento das relações militares com Israel, embora um corte diplomático total ainda seja tratado com cautela.

Conclusão

O conflito entre Israel e Irã está provocando repercussões diplomáticas globais, com os EUA mantendo apoio político a Israel, mas sem envolvimento declarado; China e Rússia se opondo às ações israelenses e oferecendo mediação; e o Brasil adotando uma postura crítica e defensora do direito internacional. A escalada entre duas potências regionais reforça o temor de um confronto mais amplo, com impactos não apenas na geopolítica, mas também na economia e segurança globais.