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Geral
15/06/2025 00:00:00

Barroso defende regulação das redes para evitar “abismo de incivilidade”

Barroso defende regulação das redes para evitar “abismo de incivilidade”

Durante participação na abertura do Brazil Forum UK 2025, na Universidade de Oxford, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu neste sábado (14) a necessidade de regulamentação das plataformas digitais, alertando para os perigos representados pela desinformação e pela falta de civilidade nas redes sociais.

Segundo o ministro, embora a liberdade de expressão deva ser preservada como um valor essencial à democracia, é preciso impor limites ao que circula no ambiente virtual. Barroso afirmou que o mundo está enfrentando um grau de polarização tão intenso que o senso comum já não consegue gerar consenso nem sobre temas básicos. “Não importa se é liberal, conservador ou progressista: não pode haver pornografia infantil, terrorismo, venda de armas ou instigação ao suicídio nas redes”, afirmou.

Ele reconheceu os benefícios trazidos pela internet, como o maior acesso ao conhecimento e à informação, mas ressaltou que as redes sociais também abriram espaço para a propagação de discursos de ódio, teorias conspiratórias e ataques à democracia. “É preciso regular com muito cuidado, porque a liberdade de expressão é um valor essencial para a democracia, mas precisamos impedir que o mundo desabe em um abismo de incivilidade”, destacou.

O presidente do STF também alertou para a crescente utilização da mentira como ferramenta política, o que, segundo ele, ameaça os fundamentos da convivência democrática. “A verdade não tem ideologia e a democracia tem lugar para liberal, conservador, progressista. Mas a mentira deliberada é uma coisa muito ruim que passou a dominar o mundo como estratégia política. Portanto é muito importante fazer com que mentir volte a ser errado”, declarou.

As declarações de Barroso ocorrem em meio ao julgamento no STF que pode alterar a forma como as empresas de tecnologia e redes sociais são responsabilizadas por conteúdos ilegais publicados por usuários. A Corte formou maioria na última quarta-feira (11) para responsabilizar as plataformas, mas ainda precisa definir a tese que orientará a aplicação da decisão. Até o momento, o placar está em 6 a 1, com votos favoráveis dos ministros Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes, Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. O único a divergir foi o ministro André Mendonça.

Hoje, o funcionamento das redes sociais no Brasil é regido pelo Marco Civil da Internet, em vigor desde 2014. O artigo 19 da lei prevê que as plataformas só podem ser responsabilizadas judicialmente por conteúdo de terceiros caso descumpram ordem judicial para remoção do material. O julgamento em curso no STF trata justamente da constitucionalidade desse artigo, com repercussão geral, o que significa que a decisão servirá de referência obrigatória para todas as instâncias do Judiciário em casos semelhantes.