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Economia
15/06/2025 10:00:00

Greve dos auditores da Receita Federal já causa prejuízo de R$ 19 bilhões à União

Greve dos auditores da Receita Federal já causa prejuízo de R$ 19 bilhões à União

A paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal, que começou em novembro de 2024, provocou perdas estimadas em R$ 19 bilhões até março deste ano, conforme levantamento da Fecomercio/SP. Mesmo após a suspensão da greve determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na semana passada, a operação padrão dos servidores já dura 200 dias, com liberação restrita a medicamentos, perecíveis e animais.

Mais de 100 mil remessas estão paradas nas alfândegas

A greve gerou um acúmulo de mais de 100 mil encomendas e 270 toneladas de mercadorias nas alfândegas brasileiras. Empresas de setores como o farmacêutico e o de tecnologia relatam perdas irreparáveis, quebras de contrato e demissões. Pequenas e médias empresas, que representam cerca de 30% do PIB, estão entre as mais afetadas, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Transporte Internacional Expresso de Cargas (Abraec).

Parlamentares criticam monopólio e ineficiência do sistema aduaneiro

A crise gerada pela greve chegou ao Congresso Nacional. O deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) afirmou que a paralisação impactou diretamente a Zona Franca de Manaus e defendeu a modernização do sistema aduaneiro com uso de inteligência artificial. Ele também criticou o monopólio da Receita nas importações e exportações, citando casos como o da empresa Crocs, multada por interpretações divergentes de auditores sobre o mesmo produto.

A Frente Parlamentar do Livre Mercado (FPLM) também manifestou descontentamento com a falta de um plano emergencial por parte do governo. A FPLM propõe a criação de uma mesa interministerial de negociação, revisão da exclusividade da Receita na fiscalização aduaneira e a elaboração de projetos de lei que garantam uma liberação mínima de cargas em momentos críticos.

Categoria reivindica reajuste e melhores condições de trabalho

O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) informou que a última recomposição salarial da categoria foi em 2016, paga até 2019. Desde então, exceto pelos 9% concedidos a todo o funcionalismo em 2023, não houve novos acordos específicos. A categoria cobra equiparação com outras carreiras que já obtiveram reajustes neste ano.

Após a suspensão oficial da greve no último dia 9, o sindicato recomendou o retorno ao trabalho, alertando sobre possíveis multas aos servidores que não cumprirem a decisão judicial. Como parte das negociações, a Receita Federal publicou a Portaria RFB nº 548/2025, que institui um grupo de estudo estratégico para regulamentar o ressarcimento de despesas com planos de saúde para os auditores e seus dependentes. A medida foi considerada um avanço pelo Sindifisco.

Enquanto isso, a operação padrão continua impactando diretamente o comércio exterior e a arrecadação federal, com prejuízos acumulados e pressões crescentes sobre o governo para resolver o impasse.