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Guerra
13/06/2025 02:00:00

Ativista brasileiro está em cela solitária em Israel após greve de fome, afirma defesa

Ativista brasileiro está em cela solitária em Israel após greve de fome, afirma defesa

O ativista brasileiro Thiago Ávila, detido por autoridades israelenses no último dia 8 ao tentar romper o bloqueio à Faixa de Gaza em uma missão humanitária, foi transferido para uma cela solitária após iniciar uma greve de fome. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (11) por seus advogados e confirmada pela organização de direitos humanos israelense Adalah, responsável por sua defesa.

Segundo a entidade, Ávila está isolado em uma cela sem luz e ventilação na prisão de Ayalon, separado dos demais ativistas que integravam a chamada Flotilha da Liberdade — iniciativa internacional que organizou uma expedição com o objetivo de entregar simbolicamente alimentos e medicamentos à população de Gaza. A missão reuniu 12 ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg, que foi deportada logo após a detenção por ter assinado um documento exigido por Israel, o que Ávila se recusou a fazer.

De acordo com a Flotilha da Liberdade Brasil, organização que liderou a missão com apoio de entidades internacionais, o brasileiro está sendo submetido a condições severas. “Israel ameaçou deixá-lo por sete dias em uma cela escura, pequena, sem ar e sem contato com ninguém”, informou a entidade em comunicado, acrescentando que o caso é considerado um crime de guerra pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos.

A defesa dos ativistas alega que a interceptação do barco ocorreu em águas internacionais e que os envolvidos foram “sequestrados”, não tendo cometido crime algum. Ainda segundo a coalizão, Thiago Ávila tem sido tratado de forma agressiva, embora não tenha sofrido agressões físicas até o momento.

O Itamaraty, em nota oficial, condenou a prisão do brasileiro, classificando a detenção em águas internacionais como uma "flagrante transgressão ao direito internacional", e exigiu a libertação imediata dos detidos. “O Brasil clama pela libertação de seu nacional e insta Israel a zelar pelo seu bem-estar e saúde”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.

A esposa de Ávila, Laura Souza, relatou ter recebido informações contraditórias, indicando ao mesmo tempo a possibilidade de deportação e a marcação de uma audiência apenas para o dia 8 de julho. "Estou muito nervosa e não sei bem o que está acontecendo", afirmou em suas redes sociais.

Outros sete ativistas seguem presos em Israel, aguardando decisão judicial. Embora haja uma audiência marcada para julho, existe a possibilidade de deportações ainda nesta semana, conforme previsto na legislação israelense, que permite detenções de até 72 horas antes de expulsões forçadas.

Um caso semelhante foi relatado com a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan, que também teria sido colocada em solitária após escrever “Palestina Livre” na parede da cela. Ela foi posteriormente transferida de volta para a prisão de Givon, onde estão os demais detidos.

O episódio ocorre em meio ao agravamento da crise humanitária em Gaza. Desde 2 de março, Israel bloqueou completamente a entrada de alimentos e medicamentos no território palestino, retomando apenas parcialmente os envios após pressão internacional, e de forma controlada por uma organização americana ligada ao governo israelense. A ONU considera o fornecimento atual insuficiente e desumano.

Inspirados pela Flotilha da Liberdade, milhares de ativistas de 51 países estão organizando uma marcha a partir do Egito até a cidade de Rafah, na fronteira com Gaza. A mobilização, que incluirá caravanas de diversos continentes, busca denunciar o bloqueio e exigir o livre acesso de ajuda humanitária à população sitiada.