O dólar encerrou esta terça-feira (10) com leve alta frente ao real, cotado a R$ 5,5689, após três sessões seguidas de queda. A valorização de 0,11% reflete o cenário de cautela nos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior, diante da expectativa por detalhes das propostas do governo federal sobre mudanças no IOF e do andamento das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, que seguem em Londres.
Na véspera, a moeda norte-americana havia recuado 0,13%, encerrando a segunda-feira a R$ 5,5626 — o menor fechamento de 2025 até agora.
Ibovespa avança com inflação abaixo do esperado
Apesar da alta do dólar, o Ibovespa fechou em alta de 0,54%, aos 136.436,07 pontos. O avanço foi impulsionado, em grande parte, pelo desempenho positivo das ações da Petrobras e pelo alívio nos dados de inflação divulgados pelo IBGE. O IPCA de maio subiu 0,26%, abaixo dos 0,43% registrados em abril e das expectativas de mercado. Em 12 meses, o índice recuou de 5,53% para 5,32%.
O resultado reforçou a percepção de desaceleração da inflação, influenciando as projeções para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Com a taxa Selic atualmente em 14,75% ao ano, 76% das apostas do mercado indicam manutenção do patamar, enquanto 24% acreditam em uma alta de 0,25 ponto percentual.
Expectativa por medidas sobre o IOF
No cenário doméstico, o mercado acompanha de perto o pacote que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar ao presidente Lula para compensar a redução das alíquotas do IOF. A proposta inclui a taxação de produtos antes isentos, como certos títulos financeiros, além de aumento da tributação sobre apostas online e instituições financeiras.
Apesar do anúncio inicial feito no domingo (8), Haddad ainda não detalhou medidas estruturais para corte de gastos, o que mantém investidores em compasso de espera.
Segundo o Goldman Sachs, os impactos das medidas podem ser relevantes para alguns setores, mas como os detalhes permanecem incertos e sujeitos a mudanças, os mercados continuam reagindo com cautela.
Cenário externo: tensão e diálogo entre EUA e China
Externamente, os olhos seguem voltados para o encontro em Londres entre autoridades dos EUA e da China, que discutem temas sensíveis como exportações de semicondutores, tarifas de importação e fornecimento de minerais estratégicos, como as terras raras.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que as conversas estão caminhando positivamente, o que trouxe algum alívio aos mercados globais.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a outras seis principais moedas, subia 0,02%, para 98,987 pontos.
Combinando a expectativa por políticas fiscais domésticas e a atenção às disputas comerciais internacionais, o mercado brasileiro segue operando em clima de cautela e ajustes pontuais.