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Violência
12/06/2025 09:00:00

Brasil registra recorde de feminicídios: 4 mulheres são mortas por dia, aponta governo

Brasil registra recorde de feminicídios: 4 mulheres são mortas por dia, aponta governo

O Brasil atingiu, em 2024, o maior número de feminicídios desde o início da série histórica em 2020, segundo o Mapa da Segurança Pública divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta quarta-feira (11). O levantamento revela que, em média, quatro mulheres foram assassinadas por dia no país em contextos de violência doméstica, familiar ou por motivações relacionadas ao menosprezo e discriminação de gênero.

Foram registrados 1.459 casos de feminicídio em 2024, um crescimento de 0,69% em relação a 2023, mantendo a taxa de 1,34 vítimas a cada 100 mil mulheres. Desde 2020, o número absoluto de casos vem apresentando um crescimento gradual.

Os estados com os maiores aumentos nas taxas foram o Piauí (42,86%), Maranhão (38%), Paraná (34,57%) e Amazonas (30,43%). Regionalmente, o Centro-Oeste apresentou a maior taxa de feminicídios, com 1,87 por 100 mil mulheres, superando a média nacional. Já o Sudeste registrou a menor taxa (1,16), embora tenha concentrado o maior número absoluto de vítimas, com 532 ocorrências. As cidades com mais registros foram Rio de Janeiro e São Paulo, ambas com 51 casos cada.

O Ministério da Justiça ressalta que os dados devem ser analisados levando em conta o crescimento populacional. A população feminina passou de 107 milhões em 2020 para cerca de 109 milhões em 2024.

Estupros atingem maior número dos últimos cinco anos

O relatório também apontou um crescimento significativo nos casos de estupro. Foram 83.114 ocorrências em 2024, o maior número dos últimos cinco anos. A média é de 227 vítimas por dia, sendo 86% do sexo feminino. O aumento em relação a 2020 foi de 25,8%.

Embora a Região Sudeste tenha o maior volume absoluto (29.007 casos), a Região Norte lidera nas taxas, com 62,44 estupros por 100 mil habitantes, seguida pelo Centro-Oeste (57,73). Em termos proporcionais, Rondônia teve a maior taxa (87,73), seguida por Roraima (84,68) e Amapá (81,96). São Paulo liderou em número absoluto, com 15.989 registros.

Queda nos homicídios dolosos e outros crimes violentos

Em contrapartida, os dados revelam queda em outros tipos de assassinatos. Os homicídios dolosos tiveram redução de 6%, caindo de 37.754 vítimas em 2023 para 35.365 em 2024. Os latrocínios também diminuíram, de 972 para 956 casos no mesmo período. Houve ainda redução de 4% nas mortes decorrentes de ações policiais.

Crimes patrimoniais também apresentaram recuo: roubo de carga caiu 13,6%, furto de veículo reduziu 2,6%, roubo de veículo teve queda de 6%, e roubos a instituições financeiras diminuíram 22,5%.

O balanço revela uma tendência de redução nos crimes contra o patrimônio e homicídios dolosos, mas expõe um cenário alarmante no que diz respeito à violência de gênero, especialmente com o avanço de feminicídios e estupros.