O governo de Israel determinou neste domingo, 8 de junho, que o Exército impeça a aproximação do veleiro Madleen à Faixa de Gaza. A embarcação transporta ajuda humanitária e tem a bordo a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila. A decisão foi anunciada pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que afirmou que não permitirá a entrada do navio no território palestino.
Katz declarou que instruiu as Forças de Defesa de Israel a impedirem a chegada do barco e enviou um recado direto à tripulação, dizendo que Greta e seus companheiros não conseguirão atingir seu destino e devem retornar imediatamente. O governo israelense sustenta que o bloqueio naval tem como objetivo impedir que o grupo Hamas receba armamentos.
O veleiro Madleen partiu da Sicília no último final de semana e, segundo os ativistas, está transportando alimentos, fórmula infantil, fraldas, produtos de higiene, kits de dessalinização, materiais médicos e próteses para crianças. A embarcação chegou neste domingo à costa do Egito e seguiu viagem rumo a Gaza, com a intenção de entregar os suprimentos e romper simbolicamente o bloqueio imposto por Israel.
A ativista alemã Yasemin Akar, que também está a bordo, relatou que o grupo navega próximo à costa egípcia e que o barco está sendo monitorado por drones de vigilância. Ela afirmou ainda que, se houver uma ação militar israelense contra o Madleen, isso será considerado um novo crime de guerra. A eurodeputada Rima Hassan também integra a missão e apelou à comunidade internacional para garantir uma passagem segura à embarcação.
O Comitê Internacional para Romper o Cerco a Gaza, com sede em Londres, classificou a aproximação do Madleen como um gesto de solidariedade global e uma forma de desafiar as restrições impostas à população civil palestina. O grupo faz parte da Flotilha da Liberdade, criada em 2010 como um movimento de protesto contra o bloqueio israelense ao enclave.
Israel tem restringido severamente a atuação de organizações humanitárias em Gaza desde março. Atualmente, apenas uma entidade recém-criada, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), foi autorizada a operar na região, medida que tem gerado críticas por sua suposta desorganização e por ser vista como uma forma de forçar o deslocamento de palestinos.
O conflito entre Israel e o Hamas se intensificou a partir de outubro de 2023, após um ataque coordenado do grupo palestino contra território israelense, que deixou 1.200 mortos e mais de 200 sequestrados. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, que já resultou, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, em mais de 57 mil mortes no enclave desde o início da contraofensiva.