Em uma medida considerada simbólica, mas com implicações geopolíticas relevantes, o governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, quer incluir a Groenlândia sob o Comando do Norte das Forças Armadas, responsável pela proteção do território norte-americano, em vez do atual Comando Europeu. A mudança indicaria um reposicionamento estratégico, alinhando a ilha mais diretamente com os interesses de defesa dos EUA, ao lado de parceiros como Canadá, México e Bahamas.
A proposta surge no contexto de um esforço político da administração Trump para distanciar a Groenlândia da Dinamarca, país ao qual a ilha ainda é vinculada. Segundo fontes ouvidas pela emissora CBS News, o vice-presidente JD Vance tem atuado de forma ativa para convencer autoridades groenlandesas a se aproximarem de Washington. Durante visita à Base Espacial de Pituffik em março, Vance criticou o governo dinamarquês, acusando-o de negligenciar a segurança da região e os interesses da população local.
A base de Pituffik, situada em solo groenlandês, é considerada estratégica para a defesa norte-americana por abrigar sistemas de alerta para mísseis. Por esse motivo, o Pentágono considera a Groenlândia uma peça essencial dentro de seu esquema de segurança, e a reclassificação militar da ilha reforçaria esse entendimento.
A Groenlândia atualmente faz parte do Comando Europeu das Forças Armadas dos EUA, que também abrange países do continente europeu e a Rússia. A intenção de transferi-la para o Comando do Norte marca mais um episódio da política externa de Trump em relação ao território, que já havia causado controvérsia em seu primeiro mandato ao sugerir a compra da ilha, com motivações tanto estratégicas quanto econômicas.
Trump já havia demonstrado interesse no território de 2,1 milhões de quilômetros quadrados não apenas pela sua posição geográfica privilegiada, mas também por suas riquezas minerais, incluindo elementos raros usados na fabricação de eletrônicos, baterias e veículos elétricos.
“Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até para a segurança internacional, e estamos trabalhando com todos os envolvidos para tentar conseguir isso. De um jeito ou de outro, vamos conseguir”, declarou Trump durante a mesma visita do vice-presidente.
Apesar da campanha intensificada por parte dos EUA, os moradores da Groenlândia — em sua maioria concentrados na região sul da ilha — se mostram resistentes à ideia de rompimento com a Dinamarca. As poucas pesquisas de opinião disponíveis indicam ampla rejeição a qualquer tentativa de anexação norte-americana. A população local é de aproximadamente 56 mil pessoas.