20/06/2025 18:59:27

Acidente
05/06/2025 22:00:00

Indústria automotiva teme aumento do IOF e aposta em revisão significativa da medida

Indústria automotiva teme aumento do IOF e aposta em revisão significativa da medida

Indústria automotiva teme aumento do IOF e aposta em revisão significativa da medida

O setor automotivo brasileiro está otimista quanto à possibilidade de que o decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) seja revogado ou consideravelmente alterado até o fim desta semana. A afirmação foi feita nesta quinta-feira pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet. Segundo ele, a medida pegou o setor de surpresa, mas há confiança de que o governo fará uma correção substancial.

Calvet indicou que o setor tem recebido sinais positivos em relação ao tema, sugerindo que o desfecho pode ser favorável. Na última terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mencionou a possibilidade de ajustar o decreto do IOF, caso avancem as discussões sobre medidas fiscais estruturais. Ele, no entanto, adiantou que qualquer decisão só será tomada após uma reunião com lideranças do Congresso Nacional marcada para o domingo.

Ainda sem dados consolidados sobre os impactos da elevação do imposto, Calvet destacou que diversos segmentos do setor automotivo foram afetados, incluindo fornecedores, estoques, operações de compra internacional e vendas diretas. Ele explicou que, em teoria, a alta do IOF pode comprometer as vendas ao elevar custos que precisariam ser absorvidos pelas montadoras ou repassados ao consumidor.

Outro fator de preocupação para a Anfavea é a restrição imposta pela China, desde abril, à exportação de terras raras, insumos fundamentais para a produção de autopeças. Embora a medida já tenha causado paralisações em fábricas europeias, o Brasil ainda não sofreu consequências diretas, mas o tema está sendo analisado com atenção.

A produção de veículos em maio registrou queda de 5,9% em relação a abril, somando 214,7 mil unidades. Esse resultado diminuiu o crescimento acumulado do ano até maio para 10,7%, com 1,026 milhão de veículos montados. A alta nas importações contribuiu para a retração da produção interna.

As vendas de veículos importados cresceram 6,4% em maio sobre abril e 20,6% na comparação com maio de 2024, totalizando 39,7 mil unidades no mês. No acumulado do ano, o aumento foi de 19%, com 189,8 mil veículos importados. Calvet destacou que esse volume equivale à produção de uma fábrica de porte médio e à geração de cerca de 5 mil empregos.

Mesmo com o crescimento, a participação dos importados no total de veículos vendidos apresentou a quarta queda consecutiva, atingindo 17,6% em maio. Em janeiro, essa participação era de 23%, o maior percentual desde pelo menos 2022.

A Argentina lidera entre os países exportadores de veículos para o Brasil neste ano, com 85,7 mil unidades, um avanço de 45,2% em relação ao mesmo período de 2024. A China vem em seguida, com 58,12 mil unidades, alta de 36%. Calvet destacou que, enquanto com a Argentina há uma relação comercial de troca, com a China o fluxo é unidirecional, concentrado em importações.

O desempenho das exportações brasileiras ajudou a evitar uma queda mais acentuada na produção de maio. Com 51,5 mil veículos exportados no mês, o setor alcançou o melhor resultado desde agosto de 2018. O volume representa um aumento de 11,3% em relação a abril e de 92,6% comparado a maio do ano passado, com destaque para a Argentina, cuja demanda interna cresceu 78% em 2025.

De janeiro a maio, as exportações brasileiras somaram 213,5 mil veículos, crescimento de 56,6% em relação ao mesmo intervalo de 2024. A Anfavea não divulgou os números atualizados dos estoques, que permanecem em torno de 254,8 mil unidades, conforme os dados de abril. Segundo Calvet, a entidade está revisando a metodologia de cálculo, razão pela qual os dados exatos foram temporariamente suspensos.