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Mundo
04/06/2025 12:00:00

Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista Geert Wilders da coalizão

Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista Geert Wilders da coalizão

A coalizão de governo da Holanda entrou em colapso nesta terça-feira (3), menos de um ano após sua formação, após a saída do Partido pela Liberdade (PVV), liderado por Geert Wilders. A decisão levou o primeiro-ministro Dick Schoof a anunciar sua renúncia e convocar eleições antecipadas, mergulhando o país em nova crise política.

A saída do PVV, maior partido da coalizão com 37 dos 150 assentos no Parlamento, ocorreu devido a impasses relacionados à política migratória. Wilders, conhecido por sua retórica anti-imigração e apelidado de "Trump holandês", acusou os parceiros de governo de não apoiarem de forma concreta suas propostas mais duras para conter a entrada de refugiados. Entre as medidas exigidas por ele estavam o fechamento das fronteiras para solicitantes de refúgio, o fim da reunificação familiar e a deportação de estrangeiros com dupla cidadania condenados por crimes.

A ruptura aconteceu após seguidas ameaças públicas de Wilders nos últimos dias. Ele chegou a tornar público um anexo com suas dez exigências migratórias e declarou que deixaria a coalizão caso seus parceiros não demonstrassem apoio explícito. Apesar de uma reunião emergencial na segunda-feira, o líder da ultradireita considerou insuficiente a disposição dos aliados em implementar suas propostas e oficializou a saída do PVV da aliança governista na manhã de terça-feira.

Com isso, o gabinete de Dick Schoof, que havia assumido o cargo em julho de 2024 após longas negociações, se desfaz em meio à instabilidade. O restante dos partidos da coalizão — VVD (liberal), NSC (centro-direita) e BBB (dos agricultores) — continuam no governo apenas em caráter interino até a formação de um novo gabinete. As novas eleições devem ocorrer até outubro, mas o cenário fragmentado pode prolongar as tratativas para um novo governo.

A eleição vencida por Wilders em novembro de 2023 já havia gerado polêmica e atrasado a formação do governo. Embora seu partido tenha obtido a maior bancada no parlamento, ele abriu mão de ocupar cargos no gabinete para viabilizar a coalizão, que prometia a política migratória mais rígida da história do país. Ainda assim, o governo logo enfrentou pressões internas e atritos com a União Europeia.

As pesquisas eleitorais indicam uma disputa acirrada nas próximas eleições, com o PVV empatado tecnicamente com a aliança entre o Partido Verde e o Partido Trabalhista. O VVD, tradicional força política holandesa, também aparece bem posicionado, sugerindo que a fragmentação continuará a marcar o cenário político dos Países Baixos.