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Acidente
03/06/2025 22:00:00

Por que o acordo entre Israel e Hamas não avança? Exigências incompatíveis travam negociações

Por que o acordo entre Israel e Hamas não avança? Exigências incompatíveis travam negociações

A guerra entre Israel e o Hamas, que já dura 20 meses, segue sem perspectiva real de cessar-fogo duradouro, apesar de diversas propostas de trégua colocadas à mesa ao longo do conflito. O motivo central é simples: as exigências de ambas as partes são mutuamente exclusivas. Israel quer o desmantelamento completo do Hamas e a libertação de todos os reféns. Já o Hamas, por sua vez, exige o fim do bloqueio, a retirada total das forças israelenses de Gaza e, na essência, o fim da existência de Israel como Estado.

Na mais recente rodada de propostas, o Hamas aceitou libertar 10 reféns vivos e entregar os corpos de 18 outros, de um total de 58 sequestrados. Em troca, exigiu um cessar-fogo de sete anos e a retirada do Exército israelense da Faixa de Gaza — contrapondo-se aos 60 dias de pausa nos combates propostos no acordo internacional intermediado.

O objetivo do grupo, segundo analistas e autoridades israelenses, seria manter o controle sobre Gaza, inclusive das fronteiras com o Egito — por onde entram armas e munições — e continuar recebendo bilhões em ajuda humanitária, transformando isso em poder e sustento para sua estrutura. A libertação parcial dos reféns seria usada como moeda de troca para preservar sua força e influência.

A resposta internacional à proposta foi crítica. Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump para negociações no Oriente Médio, classificou as exigências do Hamas como “inaceitáveis” e um retrocesso no processo de diálogo. Ainda assim, parte da imprensa estrangeira interpretou o impasse como recusa de Israel à paz — o que provocou reações indignadas entre setores israelenses.

Reivindicações de cada lado expõem abismo diplomático

Israel quer de volta todos os reféns levados de suas casas, alguns estrangeiros inclusive, mantidos em condições desumanas desde outubro de 2023. Reivindica ainda o fim do domínio do Hamas sobre Gaza para assegurar suas fronteiras e poder negociar acordos de paz duradouros com vizinhos — como já acontece com Egito e Jordânia, e com esperança moderada em relação a Síria e Líbano.

O Hamas, por outro lado, quer preservar os reféns como instrumento de pressão, garantir o controle político de Gaza e levar adiante sua pauta máxima: a extinção de Israel, conforme expressa em seu lema “Palestina livre do rio ao mar”.

Um cessar-fogo seria apenas uma pausa — não uma solução

A guerra segue em um impasse, com Gaza devastada, a população vivendo em abrigos improvisados, dezenas de milhares de mortos e a liderança do Hamas em Gaza praticamente eliminada. Mesmo diante disso, o grupo se recusa a admitir derrota, assim como países como França, Espanha, África do Sul e Brasil continuam oferecendo respaldo político à causa palestina, ainda que com diversas nuances.

Israel, por sua vez, afirma que só encerrará a guerra se o Hamas depuser as armas e libertar todos os reféns — duas exigências que o grupo islâmico segue rejeitando. Até que isso aconteça, o acordo continuará emperrado e a guerra, arrastada. Resta saber quando — e se — haverá pressão internacional real para obrigar o Hamas a ceder nesses pontos básicos.