A segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, realizada nesta segunda-feira (2) em Istambul, na Turquia, terminou sem qualquer avanço significativo rumo a um cessar-fogo. Apesar do impasse nas discussões pela paz, as autoridades dos dois países chegaram a um consenso sobre a libertação de mais prisioneiros de guerra, incluindo civis e militares, com prioridade para jovens de 18 a 25 anos e feridos graves.
Durante o encontro, a Rússia propôs uma trégua de dois a três dias, considerada insuficiente pela Ucrânia e recebida com desconfiança. Segundo o editor internacional da BandNews FM, João Vieira, a desconfiança é resultado de experiências anteriores, em que os russos não teriam respeitado os próprios termos de cessar-fogo. “Não houve nenhum cessar-fogo, nem trégua, nem paz completa, nada disso parece perto”, avaliou.
As exigências apresentadas por cada lado seguem como principal entrave para o avanço das negociações. A Ucrânia condiciona qualquer acordo à libertação total dos prisioneiros de guerra e a garantias internacionais contra novas agressões. Já a Rússia insiste que a Ucrânia abandone a intenção de integrar a OTAN e que a comunidade internacional reconheça a anexação de cinco regiões ucranianas, incluindo a Crimeia, como parte de seu território — demandas que Kiev considera inaceitáveis.
A reunião em Istambul durou cerca de uma hora e não teve continuidade imediata marcada. Segundo autoridades envolvidas, a complexidade das demandas mútua mantém as conversas praticamente na estaca zero, sem perspectivas concretas de curto prazo.
Enquanto isso, o conflito armado continua com intensidade. No fim de semana anterior à reunião, a Ucrânia promoveu ataques com drones em território russo, resultando na destruição de 41 aviões de guerra. A operação, que utilizou tecnologia acessível, demonstrou a capacidade de causar danos substanciais mesmo com recursos limitados.
A tensão entre os dois países permanece elevada, e, apesar dos contatos diplomáticos, o cenário aponta para a continuidade da guerra sem previsão de trégua efetiva.