O aumento dos danos a cabos submarinos no Mar Báltico e a crescente dependência mundial da infraestrutura digital colocaram a segurança dessas redes no centro do debate do fórum de segurança Diálogos Shangri-La, realizado no fim de semana em Singapura. Ministros da Defesa da Europa e do Sudeste Asiático alertaram para a urgência de uma resposta conjunta, segundo informações divulgadas pela Bloomberg.
Cerca de 600 cabos de fibra óptica atravessam atualmente 1,4 milhão de quilômetros sob os oceanos, sendo responsáveis pelo tráfego da maior parte dos dados da internet global. Com a expansão de data centers e o avanço de plataformas de inteligência artificial, a importância estratégica desses cabos aumentou, assim como sua vulnerabilidade.
“Precisamos trabalhar juntos para proteger toda a rede”, declarou o ministro da Defesa de Singapura, Chan Chun Sing. Ele ressaltou que não basta proteger trechos isolados, sendo necessário garantir a segurança das duas extremidades dos cabos.
A Europa, por sua vez, tem reforçado as patrulhas em áreas sensíveis após registros recentes de danos a cabos na região do Báltico, envolvendo inclusive navios-tanque em trânsito entre a Rússia e o Ocidente, além de embarcações chinesas. Embora haja suspeitas de sabotagem, os incidentes são, na maioria dos casos, atribuídos a acidentes ou falhas humanas.
Durante o evento, a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, propôs uma ação coordenada entre Europa e Ásia para conter embarcações que operam fora das normas internacionais, conhecidas como “frota sombra”. Ela também sugeriu a revisão das legislações marítimas atuais.
A mesma preocupação foi expressa por outras autoridades da região. O secretário de Defesa das Filipinas, Gilberto Teodoro, afirmou que a proteção desses cabos é uma prioridade nacional, principalmente diante das tensões territoriais com a China no Mar da China Meridional. Já o ministro da Defesa da Tailândia, Phumtham Wechayachai, ressaltou que os riscos incluem não apenas possíveis sabotagens, mas também desastres naturais e falhas operacionais. Segundo ele, Tailândia, Singapura e Brunei já mantêm uma cooperação ativa nessa área.