O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (30/05) que dobrará as tarifas de importação sobre aço e alumínio, passando de 25% para 50%, a partir da próxima quarta-feira (04/06). A decisão foi divulgada durante um comício em Pittsburgh, na Pensilvânia, diante de uma plateia formada majoritariamente por metalúrgicos, que reagiu com aplausos entusiasmados.
Trump afirmou que o aumento tem como objetivo fortalecer a indústria siderúrgica nacional, reduzir a dependência externa — especialmente da China — e garantir o fornecimento doméstico desses insumos estratégicos. O anúncio ocorre mesmo com a existência de uma disputa judicial que questiona a legalidade de algumas das tarifas impostas durante sua gestão, mas que não afeta as taxas sobre aço e alumínio em vigor.
A medida atinge diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de produtos derivados de ferro e aço para os Estados Unidos. Em 2024, as exportações brasileiras desse setor para o mercado norte-americano somaram US$ 2,8 bilhões, atrás apenas do petróleo, que movimentou US$ 5,8 bilhões. Embora a fatia brasileira nas exportações de alumínio aos EUA seja pequena — menos de 1% —, os EUA representaram 16,8% das vendas brasileiras desse metal no ano passado.
Antes desse novo aumento, o Brasil já havia sido afetado por outra medida do governo Trump, que em abril impôs uma tarifa de 10% sobre todos os produtos brasileiros. Ainda em 2018, durante seu primeiro mandato, o republicano implementou a tarifa de 25% sobre o aço, medida que ele agora afirma ter sido decisiva para "salvar" a US Steel, maior siderúrgica do país, sediada em Pittsburgh.
Durante o evento, Trump também anunciou investimentos de US$ 14 bilhões na indústria siderúrgica da região, através de uma parceria entre a US Steel e a japonesa Nippon Steel, embora os detalhes do acordo ainda não tenham sido oficialmente confirmados por nenhuma das empresas. Segundo funcionários da Casa Branca, Trump teria convencido os japoneses a ampliar os investimentos nos EUA, garantindo ao governo americano influência nas operações industriais locais.
A promessa de Trump à classe trabalhadora inclui a distribuição de um bônus de US$ 5.000 para todos os metalúrgicos dos EUA, e a garantia de que não haverá terceirizações nem demissões no setor. Ele ainda ironizou a dependência do aço chinês em tom nacionalista: “Se você não tem aço, não tem um país. Vamos pedir tanques emprestados à China?”
O discurso também teve críticas à China, que, segundo Trump, teria violado um acordo recente firmado em negociações em Genebra. A acusação foi reforçada pelo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, que afirmou que Pequim não estava retirando barreiras não tarifárias conforme combinado. Em resposta, o governo chinês negou as acusações e exigiu o fim das restrições discriminatórias impostas por Washington.
Segundo dados da Associação Mundial do Aço, a China lidera a produção global do metal, seguida por Índia, Japão e, em quarto lugar, os Estados Unidos. Ao anunciar o aumento das tarifas, Trump encerrou seu discurso afirmando que quer ver o aço da Pensilvânia novamente como símbolo da força americana.