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Saúde
02/06/2025 18:00:00

Invenção brasileira com inteligência artificial torna exame pulmonar mais preciso

Invenção brasileira com inteligência artificial torna exame pulmonar mais preciso

Uma inovação desenvolvida no Brasil tem se destacado internacionalmente ao oferecer uma solução de alta precisão para o diagnóstico precoce da doença pulmonar intersticial associada à artrite reumatoide (RA-ILD), condição inflamatória grave que pode levar à morte. Batizado de MRad, o modelo utiliza inteligência artificial (IA) para analisar imagens de tomografia computadorizada e prever a progressão da doença com antecedência significativa.

A criadora do sistema é a médica Licia Maria Henrique da Mota, diretora científica da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), que recebeu o prêmio PANLAR Innovation Award 2025 pelo desenvolvimento. O MRad identifica alterações sutis nos pulmões que são imperceptíveis ao olhar humano nos estágios iniciais da RA-ILD, condição que atinge até 30% dos pacientes com artrite reumatoide e é frequentemente subdiagnosticada.

O sistema foi testado em 105 pacientes da coorte BERTHA, acompanhados por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os algoritmos foram treinados com base em tomografias, dados clínicos e laboratoriais, histórico médico e até informações genéticas, elevando o potencial de identificar pacientes com risco de progressão da doença.

Um dos principais diferenciais do MRad é o uso do índice reticulovascular ponderado (WRVS), que permite medir automaticamente pequenas alterações nos vasos pulmonares e áreas de fibrose, superando em precisão a análise manual feita por especialistas. Essa tecnologia possibilita diagnósticos mais objetivos, rápidos e confiáveis.

A ferramenta conta com parceria técnica da empresa britânica Brainomix, ligada à Universidade de Oxford, responsável por transformar as tomografias em dados altamente precisos. A IA padroniza a leitura dos exames, elimina variações de interpretação entre médicos e permite decisões mais assertivas sobre o tratamento. Pacientes com sinais de agravamento podem receber terapias intensivas mais cedo, enquanto casos estáveis evitam intervenções desnecessárias.

Além disso, o objetivo da equipe é tornar o MRad acessível a hospitais de diferentes portes por meio de plataformas em nuvem. A proposta inclui capacitar profissionais de saúde em todo o país, incluindo regiões com menos recursos, e garantir que a IA complemente o trabalho médico, sem substituí-lo.

Segundo a pesquisadora, o próximo passo será expandir a aplicação do MRad para outras doenças pulmonares inflamatórias e testá-lo em populações mais amplas e diversas, tanto no Brasil quanto no exterior, para validar sua eficácia em diferentes contextos clínicos.

A invenção representa mais um exemplo do papel crescente da inteligência artificial na área da saúde. Hoje, algoritmos auxiliam desde diagnósticos por imagem até o planejamento terapêutico e a organização hospitalar, com impacto direto na qualidade da assistência e na eficiência dos serviços médicos.